Quando Jair Bolsonaro (RJ) anunciou a filiação ao PL, em abril, o partido de Valdemar Costa Neto (SP) comemorou. Muitos bolsonaristas acompanharam o presidente da República e migraram para o partido, que passou a deter a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 73 parlamentares. Desempenho que alimentou a expectativa de palanques robustos nos estados para dar suporte à campanha de reeleição do presidente. Mas a realidade tem se mostrado mais complexa. Mesmo onde o bolsonarismo é forte, o partido não se estabelece como principal catalisador das forças de direita, seja por falta de nomes, seja por conveniências locais.
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No Pará, diante do amplo favoritismo do atual governador, Helder Barbalho (MDB), que também aglutinou um amplo leque de apoios, o PL teve que lançar o senador Zequinha Marinho ao governo e o ex-senador Mário Couto ao Senado para dar palanque a Bolsonaro. No Amazonas, o partido está comprometido com a reeleição do governador Wilson Lima (União Brasil), com o coronel Alfredo Menezes (PL) candidato ao Senado.
O líder do PL na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ), disse ao Correio/Diários Associados que, independentemente dos arranjos estaduais, o PL será “200% Bolsonaro”, e que as divergências serão resolvidas até as convenções. “Bolsonaro é nosso comandante, nós não vamos permitir que nenhum aliado se descole dele”, completou. “O partido está muito bem-estruturado no Brasil inteiro. Temos mais de 15 candidatos ao Senado, mas é natural que tenha estado em que a gente ainda precise avançar (nas negociações).”
Côrtes cita como exemplo de boa articulação o apoio do PL à pré-candidatura do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. O ex-ministro tenta atrair para a aliança o apresentador José Luiz Datena (PSC) – favorito nas pesquisas para a única vaga ao Senado em disputa. Ao PL, caberá a indicação do candidato a vice-governador. “Tudo devidamente acertado antes”, frisou o líder.
O palanque mineiro também está encaminhado. O partido do presidente lançou o líder do governo no Senado, Carlos Viana, para a disputa ao governo estadual, e o ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio ao Senado. Para a vaga de vice, o PL flerta com o PP. Situação semelhante à do Espírito Santo, que tem o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) como postulante à sucessão do governador Renato Casagrande (PSB), acompanhado pelo ex-senador Magno Malta (PL), que tentará voltar à Câmara Alta. O vice é moeda de negociação.
A situação no Sul e no Nordeste
No Rio Grande do Sul, o presidente terá como aliado de partido o ex-ministro Onyx Lorenzonni (PL). O senador Jorginho Mello, pré-candidato ao governo, será o anfitrião de Bolsonaro em Santa Catarina. No Paraná, a tendência do PL é indicar o candidato a vice ou ao Senado na chapa do governador Ratinho Jr. (PSD), que concorre à reeleição.
Na região em que Lula tem sua maior base de apoio, o PL articula o lançamento de algumas candidaturas com pouca viabilidade eleitoral, apenas para oferecer palanque ao presidente Bolsonaro. É o caso Ceará, que estuda lançar o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos, mas a ala ligada ao presidente Bolsonaro defende o apoio ao deputado federal Capitão Wagner (União Brasil).
Em Pernambuco, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira deve assumir a candidatura ao governo do estado só para dar suporte à eleição do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que tentará uma vaga ao Senado. Mas a legenda encontra dificuldade para formar alianças. É o mesmo problema que o partido enfrenta na Bahia. O candidato de Bolsonaro ao governo é o ex-ministro da Cidadania João Roma, que não ainda não conseguiu costurar alianças.
Na Paraíba, o PL apresentou uma chapa puro-sangue, liderada pelo jornalista Nilvan Ferreira, para enfrentar o palanque do MDB, aliado de Lula no estado. No Maranhão, o partido lançou o deputado federal Josimar Maranhãozinho, mas estuda se aliar ao PSC e ao PTB. Em Sergipe, estuda lançar o ex-prefeito de Itabaiana Valmir de Francisquinho ao governo do estado, porque as demais legendas conservadoras tendem a acompanhar o pré-candidato do PSD, deputado federal Fábio Metidieri (PSD), simpático a Lula.
Centro-Oeste
Com grande influência do agronegócio, o Centro-Oeste é a região em que o PL se sente mais confortável para compor alianças que assegurem palanques leais ao presidente Bolsonaro. No Distrito Federal, o partido tenta emplacar a candidatura da ex-ministra da Secretaria de Governo Flávia Arruda (PL) como candidata ao Senado. Ela deverá subir no palanque de reeleição do atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), que também anunciou preferência por Bolsonaro. O problema é que a ex-ministra Damares Alves (Republicanos) também entrou no páreo e embaralhou o jogo.
Em Goiás, as opções são, por enquanto, a pré-candidatura do deputado federal Vitor Hugo (PL-GO) ao governo. Ou uma coligação com o governador atual, Ronaldo Caiado (União).
Em Mato Grosso, o senador Wellington Fagundes (PL) vai para a reeleição. Só falta definir com quem. Se em uma composição com o governador, Mauro Mendes (União) – que já declarou apoio a Bolsonaro – ou em chapa própria. Em Mato Grosso do Sul, o palanque governista não tem o PL. A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP) tentará vaga no Senado em uma coligação com os tucanos, que indicam o ex-secretário de Infraestrutura Eduardo Riedel (PSDB), como pré-candidato à sucessão do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB).