Entre a reunião da Executiva Ampliada do PSDB – prevista para o dia 24 e adiada para 2 de junho – e a saída de Dória da pré-candidatura à presidência há uma janela perigosa para a consolidação do apoio a Simone Tebet (MDB-MS), a candidata eleita para representar a terceira via. Acenos de tucanos ao PT, do pré-candidato Lula, se intensificaram e convergiram com os interesses do conselho político da chapa Lula-Alckmin, que, na última reunião, teve como tema central a formação de alianças fora da esquerda.
O Correio/Diários Associados apurou que um dos principais diálogos tem sido com o próprio Doria. Em coletiva, após o encontro, a presidente nacional do partido e deputada federal, Gleisi Hoffmann, afirmou que o nome do ex-governador paulista não foi incluído na discussão, mas não foi vetado. Gleisi disse não ser contra “ninguém que se coloque nesse campo democrático”. Na verdade, dentro do PT e da campanha de Lula, se estabeleceu uma divisão entre os que defendem o ex-governador paulista e os que não querem incluí-lo nas negociações. Publicamente, o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, defendeu a conversa com o tucano. Já o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad descarta a aproximação.
Ainda que haja resistência de Haddad ao nome específico, ele defende que um convite formal seja feito ao PSDB. Isso é parte de um consenso de uma ala do PT para que o diálogo seja feito com tucanos históricos. Parte do convencimento está relacionado a Alckmin, que trabalha nos bastidores para aproximar os antigos aliados. Os alvos são nomes como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-chanceler Aloysio Nunes, que já definiu abertamente apoio a Lula. No hall de negociações também aparecem Teotônio Vilela Filho, ex-senador por Alagoas, e o ex-governador de Goiás Marconi Perillo. Todos são nomes com influência dentro do PSDB.
O ex-governador do Piauí e um dos coordenadores da campanha do petista, Wellington Dias (PT), prevê que os partidos aliados veem “chances reais” de vitória em 21 dos 27 entes federativos. “E isto está permitindo organizar bem além dos partidos da coligação nacional e permitirá maioria necessária para a Câmara e cerca de 20 das 27 vagas do Senado com líderes que fazem campanha com Lula e Alckmin”, afirmou.
MDB blindado em dois estados
As regiões em que Lula não alcança o tucanato são o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul. Nos dois estados, o MDB tem força histórica e, pela Executiva Nacional, está disposto a interferir nos planos dos governos locais para garantir o apoio a Tebet. A ideia principal é executar gestos significativos ao retirar as candidaturas estaduais para compor chapas com o PSDB.
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“O quadro do Rio Grande do Sul ainda está aberto, falta Leite bater o martelo. A força dele se estabelece na tentativa de ser o único governador reeleito da história do estado. O Eduardo é um dos players para ajudar a costura do PSDB com o MDB, porque aceita fazer o Gabriel de vice e fecharia uma chapa forte. O MDB é um grande partido na região, porque possui muitas prefeituras e o Gabriel tem uma boa entrada no interior”, explicou um tucano do diretório local.
Com esse enfraquecimento, a Região Sul do Brasil será o próximo alvo da campanha petista para a construção de palanques. Na próxima quarta (01), quinta (02) e sexta-feira (03), Rio Grande do Sul e Santa Catarina receberão a caravana de Lula. No Rio Grande do Sul, a situação de apoio é indefinida. Além do PT, outros dois partidos da federação idealizada por Lula possuem pré-candidatos no estado: o PSOL, com Pedro Ruas, e o PSB, com Beto Albuquerque, e o pré-candidato petista, Edegar Pretto.
Albuquerque, por exemplo, se nega a abandonar a candidatura e afirma categoricamente a preferência por Ciro Gomes a Lula, apesar da participação do PSB na chapa nacional com o PT. Em Santa Catarina, também não há definição. A caravana terá o objetivo de Lula realizar as costuras necessárias para a formação de alianças regionais, como fez em Minas na última semana.