O governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à reeleição, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), seu principal adversário, trocaram farpas ontem durante o Congresso Mineiro dos Municípios. Primeiro, Zema rebateu Kalil, que em entrevista na noite de quarta-feira ao "Flow Podcast" chamou o rival de "débil mental". "Recebi uma empresa pequena e multipliquei. Ele [Kalil] sempre viveu na sombra do pai, depois na sombra do Atlético, que também melhorou depois da saída dele. E eu desafio ele a fazer um teste de QI. Talvez se eu seja (sic), ele é muito mais. Então, fica aqui o desafio", disse Zema em entrevista coletiva após falar aos prefeitos mineiros no congresso, realizado pela Associação Mineira dos Municípios (AMM), no Expominas, em Belo Horizonte.
O encontro foi marcado por debates acalorados. A fala de Zema chegou a ser interrompida por uma mulher que entrou no auditório com o objetivo de protestar. Julvan Lacerda, que ontem cedeu a presidência da AMM ao prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius Bizarro, precisou intervir para serenar os ânimos. "Aqui é lugar de debate; não de manifestação", disse Zema em meio ao entrevero.
Em sua participação na conferência, Zema teceu considerações sobre as dificuldades financeiras do estado e anunciou ter quitado o acordo firmado com a AMM para regularizar os repasses relacionados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Valores atrasados de IPVA e ICMS também foram acertados. “Estamos pagando, mensalmente, dívidas com os municípios. Temos, ainda, muito a pagar. Já quitamos um valor que supera os R$ 8 bilhões”, explicou.
RECURSOS ESTADUAIS
Os valores citados por Zema dizem respeito, justamente, aos atrasados de IPVA, ICMS e Fundeb. Os restos a pagar, por sua vez, têm relação com outro trato firmado com a AMM, a fim de zerar repasses ligados à saúde. Ao tratar dos passivos contraídos junto às prefeituras, o governador não poupou críticas ao antecessor Fernando Pimentel (PT). “Mesmo tendo de arcar com uma dívida tão grande, feita pelo governo antigo, temos conseguido levar Minas adiante. Somos, hoje, o estado mais seguro do Brasil — o que significa vida melhor e atração de investimentos.”
Além das farpas trocadas com Zema, Kalil aproveitou o tempo destinado pela AMM para cobrar “maciço investimento” em obras para aprimorar as rodovias. “Vamos ter que fazer um trabalho monstruoso e caríssimo. [É] o abandono de um patrimônio que não tem preço: as estradas de Minas Gerais”, assinalou. Segundo ele, privatizar as vias controladas pelo governo mineiro é algo “financeiramente inviável”. O ex-prefeito de BH afirmou, ainda, que o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens (DER) é um “cabedal de empregos”.
Na semana passada, Kalil oficializou união ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O pessedista explicou os motivos da decisão. “Estou com o presidente Lula porque acredito que ele vai cuidar melhor deste país”, assegurou. A aliança motivou, inclusive, a indicação de deputado estadual petista para o posto de vice na chapa que vai disputar o governo.
PESTANA SE REAPRESENTA
Durante o evento da AMM, também houve oportunidade para que o ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB) falasse sobre sua pré-candidatura ao Palácio Tiradentes. O tucano, que também atuou como secretário de Estado de Saúde, pregou harmonia e diálogo e disse que, se eleito, pretende convidar os adversários para um café, a fim de debaterem Minas Gerais.
“A chamada nova política, que teve uma onda em 2018, é muito blá-blá-blá de internet, de rede social, e pouco resultado. Venho com a política que resolve problemas através do diálogo e da competência gerencial”, falou. Pestana mencionou, também, as viagens que fez por cidades mineiras ao longo de sua trajetória política. “Dos quatro pré-candidatos, quem visitou mais de 550 municípios?”, perguntou.