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Estado de Minas DINHEIRO PÚBLICO

Municípios de MG em emergência por chuva pagam altos cachês a artistas

Levantamento do EM indica que prefeituras de pequenas cidades fazem programação cultural com valores altos


04/06/2022 04:00 - atualizado 04/06/2022 07:37

Capelinha, no Jequitinhonha, que sofreu com os estragos das chuvas no início deste ano, destinou R$ 235 mil para shows
Capelinha, no Jequitinhonha, que sofreu com os estragos das chuvas no início deste ano, destinou R$ 235 mil para shows (foto: PREFEITURA DE CAPELINHA/FACEBOOK - 16/2/22)
As contratações milionárias de artistas por prefeituras mineiras não são uma exceção mesmo onde condições climáticas obrigam os municípios a decretarem situação de emergência.

Ao menos seis pequenas cidades do estado fizeram acordos de centenas de milhares de reais para ter apresentações musicais enquanto declaravam situação de incapacidade para lidar com danos causados pela chuva e pela seca.

A maior parte das cidades fica no Norte de Minas. A região, tradicionalmente quente e seca, viveu semanas complicadas na virada do ano. Tempestades causaram estragos, deixando milhares de famílias desabrigadas, e obrigaram os municípios a recorrer à ajuda do governo estadual.

Contratos de pequenas prefeituras de MG com sertanejos superam R$ $7 milhões

É o caso de Rio Pardo de Minas, Buritizeiro e Grão Mogol, no norte, e de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. As quatro cidades estão na lista de emergência para chuva e para a seca. Somadas, elas não chegam a 115 mil habitantes, mas desembolsaram mais de R$ 2 milhões em contratos com artistas para shows nos municípios.



Congonhas, na Região Central do estado, e Laranjal, na Zona da Mata, estão na lista de cidades em estado de emergência por causa das chuvas. No Portal da Transparência de ambas as prefeituras também constam contratos para shows com altos valores.

A situação de emergência se caracteriza quando um município fica parcialmente comprometido na capacidade de atender a uma situação provocada por desastres, de acordo com definição do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).

É por isso que as cidades podem recorrer aos governos estadual e federal para buscar ajuda humanitária e verbas para restabelecer serviços e infraestrutura para a população. Para isso, as cidades devem fazer levantamento das ações necessárias para remediar os danos e decretar estado de emergência.

Rio Pardo de Minas, no Norte do estado, é outro município que teve prejuízo com temporais e gastará R$ 600 mil para atrações musicais
Rio Pardo de Minas, no Norte do estado, é outro município que teve prejuízo com temporais e gastará R$ 600 mil para atrações musicais (foto: MARCO EVANGELISTA/IMPRENSA/MG - 29/12/21)

A ajuda vinda das instâncias estadual e federal varia de acordo com cada caso. Pode ser feita por meio de repasse de verbas, facilitação de crédito e mesmo com envio de suprimentos como caminhões-pipa para cidades em situação de seca, por exemplo. O que não muda é o pressuposto de que o município está comprometido em sua possibilidade de lidar com uma situação anormal provocada por um evento adverso.

O município que mais gastou dinheiro com shows é Buritizeiro, de acordo com o levantamento feito pelo Estado de Minas a partir da lista de municípios mineiros em situação de emergência. A cidade de cerca de 28 mil habitantes decretou anormalidade tanto pelas chuvas quanto pela falta delas. No entanto, não poupou para trazer atrações musicais de renome nacional para o Arraial dos Buritis.

Para a festa de 17 a 19 de junho, Wesley Safadão recebeu o maior pagamento, embolsando R$ 560 mil da prefeitura. A lista de atrações segue com Humberto e Ronaldo e Mato Grosso e Matias, cada dupla cobrando R$ 122 mil; Gabriel Gava, que se apresenta por R$ 85 mil; Forró Boys, com cachê de R$ 70 mil; a Banda Rasta Chinela, que cobra R$ 50 mil pelo show. Ao todo, o valor ultrapassa R$ 1 milhão.

Em resposta à reportagem publicada anteriormente no Estado de Minas, o secretário de Finanças da cidade, Rodrigo Silveira Fernandes, disse que Buritizeiro tem os recursos financeiros para realizar o evento. E que o município terá lucro a partir dos valores empenhados: “A estimativa do gasto de R$ 1 milhão vai trazer um retorno de mais de R$ 6 milhões para a cidade com turismo e lazer, já que as pousadas e hotéis estão lotados e esperamos em torno de 40 mil pessoas nos shows”.

RIO PARDO 


A mais de 400 quilômetros de Buritizeiro está Rio Pardo de Minas, também em situação de emergência por chuva e seca. O município tem cerca de 30 mil habitantes, e desembolsou mais de R$ 600 mil em atrações para comemorar seu aniversário. A cidade completa 150 anos em julho.

Boa parte do dinheiro vai para os cachês do cantor de axé Léo Santana e para o ícone do brega, Amado Batista, que cobram R$ 265 mil e R$ 200 mil pelas apresentações, respectivamente. Kiko Chicabana, por R$ 115 mil, e Cantores de Deus, por R$ 25,65 mil, completam a lista de atrações. Conforme o Portal da Transparência, o gasto está dentro do limite do programa Cidade Cultural, no orçamento anual da cidade.

Ainda no Norte de Minas, Grão Mogol desembolsou R$ 215 mil para atrair Kiko Chicabana (R$ 110 mil), Gino e Geno (R$ 65 mil) e Guig Ghetto (R$ 40 mil) para animar o carnaval da cidade, em abril. Procurado pela reportagem, o município não se manifestou em relação aos contratos com os artistas.

A cidade está entre as que decretaram anormalidade pelas fortes chuvas de dezembro do ano passado. Mais recentemente, em maio, entrou também na lista dos decretos de seca. Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, João Francisco de Pinho, cestas básicas e caminhões-pipa são enviados a Grão Mogol para conter o risco de falta d’água.

No Vale do Jequitinhonha, Capelinha desembolsou R$ 135 mil para trazer Tayrone e R$ 100 mil para a presença de Rick e Renner na 34ª Festa do Capelinhense Ausente, marcada para a segunda quinzena de julho. A contratação dos artistas ocorreu enquanto a cidade está na lista de anormalidade por chuvas e seca, mas não ultrapassa o valor previsto para atrações culturais no orçamento anual.


GASTOS COM ATRAÇÕES MUSICIAIS


BURITIZEIRO
Arraial dos Buritis - 17 a 19 de junho 
R$ 1.009.000,00
Wesley Safadão - R$ 560 mil
Humberto e Ronaldo - R$ 122 mil
Mato Grosso e Matias - R$ 122 mil
Gabriel Gava - R$ 85 mil
Forró Boys - R$ 70 mil
Banda Rasta Chinela - R$ 50 mil


RIO PARDO DE MINAS 
R$ 605.650 
(Gasto dentro do limite do programa “Cidade Cultural”)
Aniversário de 150 anos da cidade:
Kiko Chicabana - R$ 115 mil - 16/7/22
Léo Santana - R$ 265 mil - 14/7/22
Cantores de Deus - R$ 25,65 mil - 17/7/22
Amado Batista - R$ 200 mil – 15/7/22

CAPELINHA 
R$ 235.000 
(gasto dentro do limite do programa “Cidade Cultural”)
34ª Festa do Capelinhense Ausente:
Rick e Renner - R$ 100 mil - 16/7/22
Tayrone - R$ 135 mil - 16/7/22)

GRÃO MOGOL
R$ 215.000
Grão Folia:
Kiko Chicabana- R$ 110 mil - 21/4/22
Guig Ghetto- R$ 40 mil - 22/4/22
Gino e Geno- R$ 65 mil - 23/4/22

CONGONHAS
R$ 325.000
XX Festival da Quitanda:
Saulo Laranjeira - R$ 40 mil - 15/5/22
Lô Borges - R$ 48 mil - 14/5/22)
Alan e Alex - R$ 65 mil - 13/5/22
Chico Lobo - R$ 21 mil – 15/05/22
Sermão da Montanha: 
Casa Worship - R$ 56 mil – 16/4/22
Inauguração da praça de eventos:
Clayton e Romário - R$ 95 mil - 27/5/22

LARANJAL
R$ 197.000 
(orçamento para cultura previsto para R$ 145 mil)
XXXII Exposição Agropecuária:
Dilsinho - R$ 135 mil - 12/8/22
João Bosco e Gabriel - R$ 62 mil – 13/8/22

Fonte: Levantamento feito pelo EM e Portal da Transparência







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