A bússola da terceira via já apontou para rotas do Sudeste, que se mostraram inviáveis, indicou mares impossíveis de navegar ao Nordeste e, agora, começa a estabilizar a agulha no rumo Sul. É para as altas latitudes brasileiras que se voltam as atenções dos comandantes do autodenominado centro democrático.
A quatro meses da eleição presidencial, coube ao MDB gaúcho a responsabilidade de definir se a nau da pré-candidata à Presidência da República Simone Tebet (MS) será a capitânia de uma grande esquadra centrista ou se navegará sozinha.
Nenhum outro estado tem o poder de decretar o sucesso ou a morte da tríplice aliança (MDB, PSDB e Cidadania) como o Rio Grande do Sul. O acordo vem sendo costurado pelo presidente do MDB estadual, Fábio Branco, pelo pré-candidato ao governo local, deputado estadual Gabriel Souza, e envolve o ex-governador Eduardo Leite, do PSDB, e a ex-senadora Ana Amélia, do PSD.
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Não é uma costura simples, depende do aval de uma ala emedebista pró-candidatura própria e da disposição de Leite de se candidatar a mais um mandato de governador. Gabriel Souza, por sua vez, teria de abdicar da pré-candidatura para dar lugar ao tucano. Ao MDB caberia a vaga de vice-governador.
A chapa dos sonhos da terceira via gaúcha teria, ainda, Ana Amélia, que pretende reconquistar nas urnas o mandato perdido nas últimas eleições. O apoio do MDB ao PSDB de Eduardo Leite vem sendo cobrado pelas lideranças tucanas, mas esbarra em uma histórica relação da legenda com as eleições estaduais.
Desde a redemocratização, o MDB gaúcho lança candidatos ao governo local "para ganhar ou para perder", segundo uma fonte da direção nacional do partido que acompanha de perto as articulações no Rio Grande do Sul. "Não é simples abrir mão disso", reconheceu.