Jornal Estado de Minas

CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

Serra do Curral: deputados de MG iniciam trâmite que pode gerar tombamento


As lideranças da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) definiram, nesta quarta-feira (8/6), a composição da comissão especial formada para analisar o tombamento estadual da Serra do Curral. A ideia está contida em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada no ano passado, mas que ganhou força após o aval do governo estadual ao empreendimento minerário que a Taquaril Mineração S.A (Tamisa) deseja emplacar em uma fatia das famosas montanhas. A primeira reunião do comitê está agendada para amanhã, a fim de eleger presidente e vice-presidente e, assim, oficializar o início dos estudos. Depois, um relator será designado.





A comissão formada hoje terá Mauro Tramonte (Republicanos), Osvaldo Lopes (PSD), Beatriz Cerqueira (PT), Ana Paula Siqueira (Rede) e Gustavo Santana (PL). Se for aprovada pelos cinco componentes do comitê especial, a PEC do tombamento da Serra do Curral poderá ser votada em 1° turno pelos 77 deputados. Depois, haverá nova rodada de análises e, aí sim, o segundo turno.

A PEC será apreciada com emenda que revoga licenças e permissões de exploração emitidas antes do tombamento estadual. A Serra do Curral já é tombada pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). A Prefeitura de Belo Horizonte também já oficializou a área como espaço que necessita de preservação. Apenas o governo mineiro ainda não seguiu caminho semelhante. 

O escolhido para ocupar a relatoria terá tempo para estudar a possibilidade de tombar a Serra do Curral e apresentará aos colegas seu parecer sobre o tema. A recomendação do relator será votada pelos componentes da comissão e, então, levada ao plenário.



O presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PSD), afirmou que a ideia do Parlamento é acelerar os debates sobre o texto sobre o tombamento na comissão especial.

"Assim que a(análise da) PEC estiver pronta, pautarei para que seja votada em plenário", disse, em entrevista ao Estado de Minas hoje, durante evento da pré-campanha do correligionário Alexandre Kalil ao governo.

Mauro Tramonte foi o primeiro deputado a assinar a PEC do tombamento. Por isso, embora tenha conseguido vaga no comitê, não poderá ser presidente ou relator.

Governo Zema não terá representante 'oficial'

As cinco vagas da comissão sobre a Serra do Curral foram dividas conforme a proporcionalidade das coalizões parlamentares que formam a Assembleia. A oposição a Romeu Zema (Novo) ficou com duas vagas e, por isso, escolheu Beatriz Cerqueira e Ana Paula Siqueira. Os representantes dos deputados independentes, que oficialmente não são aliados ou antagônicos ao governador, serão Tramonte e Osvaldo Lopes.

O PL, que atua como partido isolado, arrematou um assento, entregue a Gustavo Santana. Das siglas com representação na comissão, a agremiação liberal é a mais próxima a Zema, ainda que informalmente.

Embora haja legendas governistas, como Avante, PMN e PP, Zema não tem base aliada formal no Legislativo desde que o bloco de apoio ao Palácio Tiradentes foi extinto por ausência do número mínimo de membros - 16. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) já se posicionou favoravelmente ao tombamento das famosas montanhas.




CPI mais longe de sair do papel

Interlocutores ouvidos pelo Estado de Minas apontam que a formação de um grupo oficial para tratar do tombamento aplaca a movimentação pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Serra do Curral. O pedido de abertura da CPI, que chegou a ter 25 das 26 assinaturas para ser oficializado, solicita a investigação do processo que culminou na autorização dada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) à Tamisa.

A licença tem sido questionada por ambientalistas e é alvo, inclusive, de ações judiciais impetradas pela prefeitura belo-horizontina e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Há temor por riscos ao Pico Belo Horizonte, símbolo que consta na bandeira da capital mineira, bem como potenciais prejuízos ao ar e à água que chegam à cidade.

Tombamento também em pauta no Iepha


O tombamento, por sua vez, está parado no Conselho Estadual de Patrimônio Cultural de Minas Gerais (Conep-MG), ligado ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). Ontem, Marília Palhares Machado, presidente do Iepha, afirmou a deputados que a Serra será tombada no âmbito estadual.



"Nossa expectativa é de tombar. sim, a Serra, mas de uma forma que seja sustentável tenha sustentação. esse é nosso objetivo. Então, a gente vai tombar. Vamos encaminhar para o Conep", assegurou, projetando agosto como mês de encerramento dos trâmites.

Comissão sobre a PEC do Tombamento da Serra do Curral

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