
Por 31 votos a 1 - justamente o de Aécio - a Executiva nacional do PSDB decidiu caminhar ao lado de Tebet. Se a decisão for ratificada na convenção partidária, que deverá ocorrer entre julho e agosto, será a primeira vez desde a redemocratização do país que os tucanos não vão liderar uma chapa na eleição direta nacional.
"Para o partido e para o Brasil, é muito ruim que o PSDB não se apresente com uma candidatura própria - que possa resgatar nosso legado e apontar um caminho para o futuro", disse Aécio, em Brasília (DF), cidade que sediou a reunião da cúpula tucana.
Embora tenha defendido uma candidatura própria, Aécio garantiu ter apreço por Tebet. Mesmo assim, ponderou os obstáculos encontrados pela senadora sul-matogrossense para se viabilizar. No último levantamento do Datafolha, ela apareceu com 2% das intenções de voto.
"Seria uma benção se a candidatura dela pudesse se fortalecer e ocupar esse espaço da terceira via, mas vejo que ela está tendo dificuldades em seu próprio partido", afirmou.
O PSDB consolidou a ideia de apoiar Tebet após o ex-governador de São Paulo, João Doria, renunciar ao posto de presidenciável tucano. Ele havia vencido o ex-governador gaúcho, Eduardo Leite, nas prévias internas da legenda.
Um dos mais importantes articuladores de Leite, Aécio tornou a enaltecer o correligionário. "Depois da saída do ex-governador Doria, o caminho natural deveria ter sido, naquele instante, chamar o segundo colocado nas prévias - até em respeito às prévias partidárias. Mas o partido resolveu fazer uma transição mais direta em apoio à candidatura do MDB".
Outro nome mineiro com relevância no tucanato nacional também chegou a defender candidatura própria do PSDB: trata-se de Marcus Pestana, ex-deputado federal e ex-secretário de Estado de Saúde, agora pré-candidato ao governo de Minas.
Aécio teme embates estaduais e Lula-Bolsonaro mais fortes
Para Aécio, o PSDB tem mais condições de liderar a chamada terceira via do que o MDB. Ao justificar a posição, ele citou a presença dos emedebistas em boa parte dos governos do PT.
"Temo que, em vários estados, o PSDB tenha enormes dificuldades de caminhar com a candidatura do MDB. Tenho enorme respeito pela senadora Simone Tebet, um dos melhores quadros da política brasileira, mas continuo entendo que, sobretudo em razão da polarização que se radicaliza a cada dia mais, para o país, era necessário que o PSDB tivesse uma candidatura própria", pontuou.
Ao tratar dos embates locais, o deputado afirmou que há antagonismo entre tucanos e emedebistas em alguns estados. 'Minas Gerais é um deles', falou.
O parlamentar, candidato a presidente em 2014, disse ainda temer impactos da aliança nas votações de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), líderes das sondagens eleitorais.
"Temo que isso não tenha correspondência na política real e nas bases do PSDB, que hoje se dividem entre votar em Lula ou Bolsonaro. Era isso que eu pretendia evitar com uma candidatura própria".