Políticos repercutiram a informação de que a Polícia Federal encontrou restos mortais na área indicada por Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, suspeito de matar o indigenista Bruno Pereira, servidor licenciado da Funai, e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do The Guardian.
Pelado confessou à PF que Bruno e Dom foram assassinados com disparos de armas de fogo e, posteriormente, tiveram os corpos queimados, esquartejados e enterrados. O material encontrado será enviado para perícia em Brasília.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse estar pesaroso com a notícia e defendeu que a lei seja aplicada de forma rigorosa para todos os envolvidos no crime.
É com enorme pesar que recebo a notícia de que foram encontrados os restos mortais do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips.
%u2014 Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) June 16, 2022
Em respeito às vitimas, à Amazônia e à liberdade de imprensa, espero que todos os criminosos envolvidos sejam punidos com o rigor da Lei.
Wilson Lima (União Brasil-AM), jornalista e governador do Amazonas, agradeceu às forças de segurança e aos militares, porém ignorou os esforços de ribeirinhos e indígenas para encontrar os desaparecidos.
Lamento profundamente o triste desfecho do caso do indigenista Bruno e do jornalista Dom. Minha solidariedade às famílias. Agradeço a todas as forças de segurança, em especial aos nossos homens do Corpo de Bombeiros e das Polícias Civil e Militar, que foram decisivos nas buscas.
%u2014 Wilson Lima (@wilsonlimaAM) June 16, 2022
Entre os candidatos ao Palácio do Planalto na eleição de 2022, o episódio só foi comentado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Luciano Bivar (União Brasil). O presidente Jair Bolsonaro (PL) não postou nada sobre o caso após a entrevista coletiva da força-tarefa.
Acabei de saber que possivelmente a Polícia Federal encontrou os corpos do Dom Philips e do Bruno. É muito triste. Pessoas mortas por defender terras indígenas e nosso meio ambiente. O Brasil não pode ser isso.
%u2014 Lula (@LulaOficial) June 16, 2022
Lamentamos as mortes violentas do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips. O Brasil inteiro acompanhou as buscas e descobriu que a Amazônia está tomada por invasores criminosos. Esses crimes não podem ficar impunes.
%u2014 Luciano Bivar (@bivaroficial) June 16, 2022
Desaparecimento
No domingo, dia 5 de junho, Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram a poucos quilômetros do Vale do Javari, segunda maior reserva indígena do Brasil. Eles viajavam de barco pelos mais de 70 quilômetros que ligam o Lago do Jaburu ao município de Atalaia do Norte, no Amazonas.
Na última vez em que foram vistos, o indigenista e o jornalista pararam na comunidade de São Rafael, às 6h, onde tinham uma reunião marcada com o líder pescador Manoel Vitor Sabino da Costa, conhecido como Churrasco.
Dali, eles seguiram seu caminho pelo rio. A dupla deveria ter chegado a Atalaia do Norte duas horas depois, mas desapareceu. Quem soou o alerta foram os indígenas da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
A Univaja disse que às 14h enviou uma equipe "formada por indígenas extremamente conhecedores da região". Eles teriam percorrido inclusive os "furos" do rio Itaquaí, mas nenhuma pista foi encontrada.
Às 16h, "outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado".
Há relatos de que Bruno Pereira era alvo de pescadores ilegais, garimpeiros e madeireiros. Além disso, a Univaja também relatou ameaças a seus integrantes - tendo registrado boletim de ocorrência na polícia poucas semanas antes do desaparecimento do indigenista