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Estado de Minas CHAPA LULA-ALCKMIN

Alckmin e PSB atuam com papel moderador no plano de governo de Lula

Programa da campanha presidencial, que será lançado na terça-feira, consegue rara unanimidade entre esquerdas


17/06/2022 07:50 - atualizado 17/06/2022 07:55

Lula e Geraldo Alckmin
Várias sugestões de Geraldo Alckmin, candidato a vice do ex-presidente Lula, foram incluídas no plano de governo (foto: NELSON ALMEIDA/AFP)

Brasília - A minuta do plano de governo que a chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP) vai lançar oficialmente na próxima terça-feira, em São Paulo, já está nas mãos dos dois pré-candidatos. Aprovado por unanimidade, nesta semana, pelos sete partidos que formam a coligação, o documento é fruto de um raro consenso entre partidos de esquerda, que flexibilizaram pontos de vista, sem abdicar de bandeiras históricas. E reforça o papel moderador do PSB nos debates internos.

Temas mais polêmicos ficaram de fora, como a legalização do aborto, e outros, considerados inexequíveis, como a proposta de desmatamento zero na Amazônia, foram abrandados. A questão ambiental, porém, foi a que mais recebeu contribuições. Para quem participou da elaboração do plano – que servirá de base ao programa oficial a ser registrado pela chapa na Justiça Eleitoral – o resultado reflete a disposição dos partidos aliados de superar divergências político-ideológicas em nome do objetivo comum. “Se Bolsonaro tem algum mérito - o único - é o de ter juntado as oposições para vencê-lo em outubro”, diz Alexandre Navarro, vice-presidente da Fundação João Mangabeira, ligada ao PSB, e um dos representantes de Geraldo Alckmin nos debates internos de elaboração do plano.

O PT, desta vez, não deu a palavra final. Ao contrário, a legenda iniciou os trabalhos. A Fundação Perseu Abramo (ligada ao partido) elaborou o texto-base das discussões. A partir daí, foram apresentadas 124 emendas, e a maioria foi acatada em parte ou integralmente. Ao PSB, o segundo partido mais importante da base, coube o papel de zelar para que o conteúdo do documento mirasse mais o centro do espectro político e menos os interesses das alas mais à esquerda da aliança. “O PT é mais visceral, o PSB, mais pragmático, mas nós nem nos preocupamos muito com isso. Queríamos e buscamos o resultado, sem preponderância de nenhum partido”, explicou Navarro.

A opinião é compartilhada pela deputada federal Maria do Rosário (RS), representante do PT no grupo. “A presença do PSB, a candidatura do Alckmin a vice-presidente, agrega o diálogo com esses segmentos. Está sendo muito importante. Eu, que sempre fui da ala mais à esquerda do PT, defendi o nome dele, que a gente aceitasse essa aliança”, afirma.

O debate sobre a nova legislação trabalhista foi emblemático. O texto original proposto pelo PT defendia a “revogação da reforma trabalhista feita no governo Temer e a construção de uma nova legislação trabalhista”. Essa era também uma bandeira eleitoral do PSol. Solidariedade e PSB, porém, defendiam o aprimoramento da legislação, principalmente em relação às regras de proteção aos novos modelos de trabalho advindos da revolução da tecnologia digital, como a regulamentação dos contratos intermitentes e do trabalho em home office.

A saída foi buscar ajuda das centrais sindicais (em especial, CUT e Força), que elaboraram a proposta intermediária de “revisão”, aceita por todos, inclusive pelo pré-candidato Lula. Na terça-feira, em entrevista à rádio Vitoriosa, de Uberlândia, ele declarou que é necessária “uma revisão na reforma trabalhista e da Previdência”. O programa terá várias contribuições do PSB, principalmente nas áreas de economia criativa e sustentabilidade, ciência e tecnologia, inovação e acessibilidade. A pedido de Alckmin, incluirá estímulos à competitividade no setor público e na iniciativa privada. Ele também emplacou a proposta de fazer dos restaurantes populares uma política pública de âmbito nacional.


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