Jornal Estado de Minas

BRASIL

Bolsonaro: 'defendemos a família e somos contra a ideologia de gênero'

Sem citar nomes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou evento religioso no Pará para focar no discurso conservador e atacar indiretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições gerais de outubro.





 

No começo deste ano, o petista chegou a defender a legalização do aborto, dando munição aos opositores, e, depois, tentou consertar afirmando que era contra. Diante do público evangélico, o chefe do Executivo se conteve nos palavrões, falou pausadamente e demonstrou resignação em relação à nova alta dos preços dos combustíveis anunciada, nesta sexta-feira (16/7), pela Petrobras.


“Hoje, vivemos um Brasil polarizado. Vou dizer a vocês que o nosso governo é contra o aborto. O nosso governo defende a família e nós somos contra a ideologia de gênero. A inocência das crianças em sala de aula tem que ser preservada. Nós somos contra a liberação das drogas”, disse Bolsonaro, durante evento da Escola de Sabedoria 2022, em Belém, ao lado de pastores polêmicos, como Silas Malafaia.

 

“Nós defendemos a liberdade em nossa pátria e aí incluímos a liberdade de culto. Somos livres para escolher nossa religião, professar nossa fé. Nós respeitamos todos os cidadãos brasileiros”, acrescentou.





Durante a fala sobre as "coisas espirituais", que foi recheada de aplausos dos fiéis presentes, Bolsonaro insinuou que ele está destinado à vida eterna por ser temente a Deus e ainda voltou a citar sua nova frase de efeito que vem adotando nessa pré-campanha eleitoral. “Temos, agora, as coisas espirituais, aquelas que marcam as nossas vidas. Eu costumo dizer: é o nosso currículo para a vida eterna. Até mesmo uma passagem bíblica diz algo parecido: nada nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna”, afirmou.

Ao falar das “coisas materiais”, Bolsonaro evitou atacar o novo reajuste da Petrobras na gasolina e no diesel, anunciado nesta sexta-feira nas refinarias, e que passará a valer a partir de amanhã (sábado). A companhia não reajustava a gasolina há 99 dias. Após o anúncio e as ameaças de intervenção na estatal, a companhia perdeu R$ 27,3 bilhões em valor de mercado em um único dia.

“Hoje, passamos por um problema que não é apenas sentido no Brasil, é sentido no mundo todo. O pós pandemia; a equivocada política do fica em casa, a economia a gente vê depois, e a guerra (na Ucrânia) a 10 mil quilômetros de distância traz (sic) dissabores para todo mundo. O Brasil não ficou fora disso. Aumento dos preços, nos combustíveis, entre outras coisas”, afirmou o chefe do Executivo, em um tom mais conformista e menos irritado com o comando da Petrobras.





 

Durante um das transmissões na internet, após a estatal anunciar o reajuste anterior do diesel, na primeira quinzena de maio, Bolsonaro chegou a vociferar palavrões por conta do aumento do combustível. Na ocasião, contou que tinha pedido para os dirigentes da empresa segurarem o ajuste por conta do lucro bilionário da companhia.                   


Apesar do reajuste nos combustíveis contribuir para que a inflação continue elevada, Bolsonaro aproveitou o evento religioso para mostrar resignação. “Podem ter certeza, com liberdade, com fé, nós venceremos todos os obstáculos”, afirmou. “Podemos perder algo material, hoje, mas a nossa fé, a nossa religião, o nosso temor a Deus fará (sic) com que recuperaremos tudo isso e mais ainda: pavimente as nossas vidas para um futuro eterno”, frisou ele, na noite desta sexta. Mais cedo, afirmou que a Petrobras traiu os brasileiros e até pediu a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que, em breve, terá o quatro presidente nomeado pelo ex-capitão.

Em pleno tom eleitoreiro, moldado para o público evangélico — uma das principais bases de apoio do atual governo —, o presidente voltou a afirmar que “costuma dizer algo que nunca foi feito no Brasil”. “Hoje temos um presidente e um governo que acredita em Deus, que respeita os seus militares e os seus policiais, que defende a família tradicional e deve lealdade ao seu povo”, disse.

 

O "Beabá da Política"

série Beabá da Política reuniu as principais dúvidas sobre eleições em 22 vídeos e reportagens que respondem essas perguntas de forma direta e fácil de entender. Uma demanda cada vez maior, principalmente entre o eleitorado brasileiro mais jovem. As reportagens estão disponíveis no site do Estado de Minas e no Portal Uai e os vídeos em nossos perfis no TikTokInstagramKwai YouTube.



Confira os vídeos já publicados:

#01: Como tirar o primeiro título de eleitor?
#02: O que significa anular o voto na eleição?
#03: Quais são as funções dos Três Poderes?
#04: Qual a diferença entre o Senado e a Câmara? 
#05: Entenda o que é o presidencialismo e qual sua origem
#06: O que é o fundo eleitoral?
#07: O que é direita e esquerda na política?