O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado (18) que conversou com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (Progressistas-PR), e com o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), para abrir na segunda-feira uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras. Ainda de acordo com ele, o governo vai resolver "o problema" da empresa.
"Conversei ontem com o líder do governo e o presidente da Câmara para a gente abrir uma CPI segunda-feira, vamos para dentro da Petrobras", disse o chefe do Executivo federal durante o ato de unção apostólica do Ministério Restauração, em Manaus. Após o fim da frase, Bolsonaro foi aplaudido pela plateia.
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Troca de comando na Petrobras dificilmente levaria a nova política de preços, dizem analistasCombustíveis: reajuste anunciado pela Petrobras já é repassado a motoristasArthur Lira pede para presidente da Petrobras "renunciar imediatamente"Lira quer participação mais direta do governo contra alta dos combustíveisJosé Mauro Coelho pede demissão da presidência da PetrobrasSupremo Tribunal Federal tem mais de 20 mil processos para julgarA empresa, que importa combustíveis para suprir a demanda do mercado doméstico, segue desde 2016 os preços internacionais, mas tem espaçado os reajustes.
A estatal anunciou ontem aumento de 5,2% na gasolina e de 14,2% no diesel, considerando o preço cobrado nas refinarias. Bolsonaro criticou o reajuste ainda ontem, bem como Lira.
"É inadmissível, com uma crise mundial, a Petrobras se gabar dos lucros que tem. Só no primeiro trimestre, foram R$ 44 bilhões de lucro, nunca visto na história", disse Bolsonaro neste sábado, afirmando também que todo mundo está sentindo o peso da inflação e dos preços de combustíveis. "E na lei das estatais está escrito que essas empresas têm que ter também um fim social."
O presidente disse ainda que o lucro da petroleira é abusivo. "Ninguém quer interferir nos preços, mas esse spread, esse lucro abusivo, a diretoria, seus presidentes, seus conselheiros poderiam resolver", afirmou ele. "O que vocês sentem, no bolso, se fosse só no Brasil, poderia me culpar, mas é no mundo todo."
Bolsonaro disse que a diretoria da Petrobras, que decidiu pelo reajuste, não pensa no Brasil, e que virou um "Petrobras Futebol Clube". O atual presidente da companhia, José Mauro Coelho, já foi demitido pelo presidente, mas não entregou o cargo.
O sucessor, Caio Paes de Andrade, secretário de desburocratização do Ministério da Economia, ainda precisa ser aprovado pelas estruturas internas da companhia e eleito para o Conselho de Administração.
No evento deste sábado, Bolsonaro atribuiu a queda de valor de mercado da Petrobras no pregão de sexta-feira, de cerca de R$ 30 bilhões, ao reajuste que a companhia anunciou. "Acredito que na segunda-feira, com a CPI, vai perder outros 30 (bilhões de reais)".