Oito dias depois de o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, ter feito reunião para acertar apoio a Alexandre Kalil (PSD) em Minas Gerais, a cúpula do partido no estado diz que terá autonomia para decidir os rumos da sigla na eleição local. Nesta terça-feira (21/6), o deputado federal Delegado Marcelo Freitas, que preside a seção mineira do União, informou que há acordo para a liberação do diretório. O apoio da legenda é cobiçado pelo fato de ser ela a detentora da maior fatia do tempo de propaganda no rádio e na televisão.
Paralelamente ao acordo nacional por Kalil, a direção estadual do União Brasil mantém conversas com Romeu Zema (Novo), com quem o presidente estadual dá indícios de que a legenda deve caminhar. Na última quarta (15), Marcelo Freitas chegou a jantar com o governador. Como mostrou o Estado de Minas, estiveram na mesa o secretário de Estado de Governo, Igor Eto, um dos principais articuladores do Palácio Tiradentes, e o deputado federal Bilac Pinto, secretário-geral do União em Minas.
Ao EM, hoje, Freitas disse que a direção nacional da agremiação tem sido extremamente compreensiva com relação às particularidades de cada estado. "Como partido liberal que efetivamente é (o União Brasil), a proposta apresentada foi de se permitir que os diretórios estaduais tenham autonomia para decidir sobre os melhores rumos a serem tomados, com vistas a se conseguir, entre outros objetivos também relevantes, a eleição do maior número possível de Deputados em todo o país".
Leia Mais
Após acordo Bivar-Kalil, presidente do União Brasil em Minas janta com ZemaBivar leva União Brasil a Kalil, mas cúpula mineira não confirma apoioPartido União Brasil tem maior fatia do fundo eleitoralLula e Kalil: PT denuncia autores de ataque por drone por lesão corporalFederação PSDB-Cidadania pode barrar Eduardo Costa como vice de ZemaReginaldo Lopes: 'CPI da Petrobras é cortina de fumaça'Kalil sobre Bolsonaro na pandemia: 'fracasso absoluto'PSDB quer candidato do MDB ao Senado na chapa de Marcus Pestana em MinasKalil sobre Bolsonaro: 'Não vai entregar a faixa a Lula e sairá pelo fundo'"Observamos com certa clareza que há alguns conflitos internos no partido Novo que precisam de serem depurados. Estamos dando tempo ao governador e sua equipe para que possam superar essas questões e definir, com certa clareza, se pretendem uma candidatura 'antipolítica' ou com o efetivo apoio e participação de atores partidários, como o União Brasil, por exemplo".
Segundo o dirigente, antes de um apoio ser firmado, há arestas que precisam ser aparadas. "Para que a união se consolide é preciso que o partido do governador supere seus embates internos e diga como os demais partidos políticos podem contribuir com o governo. (O Novo) precisa compreender que não detém o monopólio da ética, da moral, da razão e dos bons costumes".
Além das tratativas com o Novo, o União chegou a abrir conversas com o PSDB, cujo pré-candidato é o ex-deputado Marcus Pestana, e com o Patriota. Ontem, inclusive, Bilac Pinto teve encontro com tucanos.
Após as declarações de Freitas, a reportagem procurou a direção nacional do União Brasil para saber se há definição concreta sobre a autonomia às direções estaduais na formação de alianças estaduais. A equipe de comunicação do partido, contudo, afirmou que não pode confirmar a informação.
Vice de Zema gera impasse
Os debates em torno da coalizão que vai sustentar a campanha de Zema têm sido permeados principalmente por conversas a respeito do futuro vice-candidato. Ontem, o governador disse ter convidado o jornalista Eduardo Costa, do Cidadania, para ser seu parceiro de chapa. A priori, no entanto, a dobradinha encontra resistência no PSDB. Isso porque os tucanos, que trabalham pela candidatura de Pestana, formam uma federação partidária com o Cidadania. No modelo, as legendas que se juntam devem atuar como agremiação única, apoiando o mesmo candidato.
Bilac Pinto, do União Brasil, também chegou a ser aventado para a vaga - apesar de, no lado de Kalil, a aposta para atrair o União seja entregar uma das suplências do senador Alexandre Silveira (PSD), que tentará renovar o mandato.
Outro nome em pauta é o do deputado federal Marcelo Aro (PP), tido por aliados de Zema como figura importante na articulação junto ao governo federal.
Em outra frente há o nome do ex-secretário-geral da gestão estadual, Mateus Simões. Ele é filiado ao Novo e tem a indicação a vice defendida pela ala do partido que advoga por uma chapa "puro-sangue", como a feita em 2018.
Conversas sobre Eduardo Costa
Na federação Cidadania-PSDB, a possibilidade de abrir mão do palanque próprio em prol de Eduardo Costa como companheiro de Zema é debatida desde sábado. O deputado estadual João Vítor Xavier, presidente do Cidadania em Minas, tem tratado do tema com o deputado federal Paulo Abi-Ackel, líder do tucanato mineiro.
Embora Eduardo tenha dito estar "propenso a topar" o convite, o primeiro movimento será debater a hipótese dentro do Cidadania. O segundo passo será levar o tema ao seio da federação com o PSDB.
"Se lá na frente houver entendimento de ambas as partes - Cidadania e PSDB - de que essa é uma boa solução, passaremos à outra parte: tentar convencer o Eduardo Costa disso", explicou, ontem, João Vítor Xavier.
"Pestana é um dos grandes quadros políticos nacionais do PSDB e tem uma carreira no parlamento e na gestão pública com amplitude e experiência reconhecidas. Já está em plena pré-campanha, inclusive tendo se afastado de seus interesses pessoais para percorrer Minas e participar de eventos e palestras", contrapôs a direção estadual do PSDB, em nota.