Responsável por determinar a prisão preventiva do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília, passou a sofrer ameaças de grupos de apoio ligados ao ex-chefe do MEC. Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal no Distrito Federal, foram “centenas” de intimidações recebidas desde ontem. Os pedidos de investigação sobre as ameaças já foram encaminhados à Polícia Federal.
Milton Ribeiro deve participar da audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (23/6), por videoconferência. Inicialmente, o juiz tinha determinado que ocorresse na capital federal. No entanto, acatou o pedido da defesa para que o cliente continuasse no estado onde foi detido. O magistrado decidirá se mantém ou não o ex-ministro encarcerado enquanto duram as investigações.
Por meio das decisões de Borelli, também foram presos os pastores lobistas Arilton Moura e Gilmar Santos. Moura é assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil. Santos, conhecido e citado nas gravações de Milton Ribeiro como “pastor Gilmar”, comanda o Ministério Cristo Para Todos, uma das várias ramificações da igreja Assembleia de Deus, em Goiânia (GO).
O juiz federal Renato Borelli é conhecido por outras determinações que desagradam os políticos. Uma decisão de Borelli foi responsável por obrigar o presidente Jair Bolsonaro (PL) a usar máscara em espaços públicos do DF. O ato acabou sendo derrubado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Borelli também já ordenou o bloqueio de bens do ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (Republicanos) e determinou que o ex-deputado Rocha Loures (MDB-PR) devolvesse salários recebidos.
Prisão do ex-ministro
Milton Ribeiro foi preso em uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência em um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação.
Foram mapeados indícios de crimes na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com base em documentos, depoimentos e um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisões em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.