Em ritmo de campanha eleitoral e em meio à crise no preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou em Caruaru (PE) na tarde desta quinta-feira (23/6). Como de praxe, ele cumprimentou apoiadores que o aguardavam e participou de uma motociata, sem capacete. O trajeto durou cerca de 10 minutos. O presidente está na cidade para a abertura do "Maior e Melhor São João do Mundo".
O governo está no meio de mais uma encruzilhada sobre os preços dos combustíveis. Após o fiasco do pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os preços e a cúpula da Petrobras, o presidente recuou na proposta de zerar as alíquotas sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e compensar os estados por possíveis perdas.
Voucher para caminhoneiros
Em coletiva de imprensa, realizada esta manhã, o líder de governo no Senado, senador Carlos Portinho (PL-RJ), afirmou que os gestores estaduais não estão sensíveis ao momento de crise e emergência internacional, se indispondo a aceitar a compensação do governo. Ele afirmou ainda que, “sem esse compromisso, a maneira que se tem de fazer o recurso chegar na ponta da linha é através de voucher”.
A proposta do governo agora é fazer a transferência dos valores diretamente à população por meio de um aumento no vale-gás e no Auxílio Brasil. A medida também envolve um voucher para caminhoneiros no valor de R$ 1 mil. A medida deve ser inserida no PLP 11, que está em trâmite no Senado Federal. A expectativa é de que o relator, senador Fernando Bezerra (MDB), leia o texto na próxima semana.Segundo o parlamentar, o governo mantém a disponibilização de R$ 30 bilhões para cobrir os benefícios. De acordo com Portinho, a medida em nada afeta o período eleitoral, já que parte das medidas, como auxílio-gás e Auxílio Brasil, já estão em vigor e aumentar os valores não interfere no pleito de outubro, pois são medidas emergenciais. A ideia, segundo o líder, é de que os benefícios sociais fiquem em vigor até o fim do ano.
"Se fosse deputado..."
Mesmo após parte da base aliada do governo ter pulado fora do barco da CPI do Preço dos Combustíveis, o presidente Bolsonaro mantém a posição. Em entrevista ocorrida na manhã de ontem, ele afirmou que, se ainda fosse deputado, assinaria o pedido para abertura do colegiado.
"Eu assinaria essa CPI se fosse deputado, para ver, entre outras coisas, como é a composição do preço do combustível na Petrobras. É você saber também a questão do endividamento da Petrobras, por que endividou, é você mostrar para população porque três refinarias que começaram com o (ex-presidente) Lula deram prejuízo de R$ 1 bilhão e não refinam um barril de petróleo", afirmou o presidente em entrevista à rádio Itatiaia.