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Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

PT avança ao centro de olho em vitória de Lula no 1º turno

Nova postura foi bem recebida por potenciais novos aliados, que não esperavam ver o PT "tão manso" e disposto a negociar maior espaço com outras legendas


25/06/2022 07:57

Em Minas Gerais, o PT abriu mão da candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes (MG) ao Senado para abrir espaço para Alexandre Kalil (PSD)
Em Minas Gerais, o PT abriu mão da candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes (MG) ao Senado para abrir espaço para Alexandre Kalil (PSD) (foto: Ricardo Stuckert)

 

Como a ordem no PT é tentar encerrar a eleição presidencial no primeiro turno, a estratégia adotada pela sigla para derrotar Jair Bolsonaro (PL) tem surpreendido aliados e outras legendas que entraram na mira para aumentar o arco de alianças em torno do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Os petistas têm emitido sinais aos partidos de centro no sentido de dialogar sobre palanques estaduais. Na mesa está até mesmo a hipótese de abrir mão de candidaturas e de abrir mão de cabeças de chapa para que se consiga agregar o apoio em torno da chapa de Lula e Geraldo Alckmin.

A nova postura foi bem recebida por potenciais novos aliados, que não esperavam ver o PT "tão manso" e disposto a negociar maior espaço com outras legendas até então vistas com desconfiança. Para organizar os esforços, a cúpula da campanha petista designou um interlocutor para coordenar os esforços em cada região.

Na alça de mira estão PSD e MDB — que tem uma candidatura presidencial própria, a da senadora Simone Tebet (MS). Para Wellington Dias, ex-governador do Piauí e coordenador da campanha de Lula, a disposição em formar alianças pode atrair um "apoio espontâneo de lideranças do PDT, PSD, PSDB, União Brasil e Republicanos, mesmo que tenham candidatura nacional". Conforme observou, a ideia é enfatizar os ganhos locais com a adesão ao pré-candidato petista.


Boa vontade

O primeiro passo foi dado em Minas Gerais, onde o PT abriu mão da candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes (MG) ao Senado para abrir espaço para Alexandre Kalil (PSD) e obter o palanque do ex-prefeito de Belo Horizonte. Isso levou o pré-candidato a crescer alguns pontos e a fazer o atual governador, Romeu Zema (Novo), se afastar de Bolsonaro para não ver a reeleição ainda mais ameaçada.

"Zema fez pesquisa interna e descobriu que 60% dos eleitores dele são Lula. Então, não vai abrir para Bolsonaro. Corre o risco de o presidente ficar sem palanque em Minas", explicou um interlocutor do PT em Minas.

Um dos movimentos atuais é formar aliança com o PSD do Mato Grosso do Sul, segundo parlamentares petistas. A tendência no estado é que a de apoiar a candidatura do atual prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, ao governo. Para tanto, o PT retirará a pré-candidatura da advogada Giselle Marques.

As negociações são intensas também no Rio de Janeiro, estado estratégico para Lula, já que as pesquisas mostram que ele está praticamente empatado com Bolsonaro. O prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), foi chamado para conversar sobre a abertura de um segundo palanque de apoio ao ex-presidente, agregando um perfil mais do centro.

Ao Correio, Felipe Santa Cruz (PSD), pré-candidato ao Palácio Guanabara, confirmou que os dois partidos negociam apoio a Lula. "Eu estaria muito à vontade nesse palanque. Acho que é importante ter uma vitória expressiva contra o bolsonarismo, mas ainda está sendo negociado pelas instâncias do partido. Acho importante para o PT que não fique restrito ao campo da esquerda no Rio. Aqui, que é o principal estado dominado pelo bolsonarismo", observou.

O PT se esforça para vencer Bolsonaro no primeiro turno por entender que as chances de uma virada no segundo são consideráveis. Além disso, as pesquisas atuais deram fôlego à ideia: a última sondagem do Datafolha, divulgada na última quinta-feira, mostra que Lula tem 53% dos votos válidos.

"Está ficando claro que ganhar no primeiro turno é possível", disse o deputado federal Rogério Correia (PT-MG). "A conjuntura exige uma aliança mais ampla pela reconstrução do país. Essa é a única coisa inegociável", completou.


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