O ex-gerente de projetos da Secretaria Executiva do Ministério da Educação (MEC), Luciano Musse, e o pastor Arilton Moura, estiveram no mesmo hotel em Brasília pelo menos 10 vezes durante 2021 e 2022. É o que aponta a investigação da Polícia Federal (PF).
As informações foram publicadas pelo "portal G1".
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No documento que ensejou os mandados de busca e apreensão, a Justiça afirma que viu indícios de que "Milton, Gilmar e Arilton cooptaram prefeitos para interesses pessoais".
Já Luciano Musse teria papel de "operador financeiro" no esquema.
Ele chegou a assumir a gerência de Projetos da Secretaria-Executiva do ministério, em abril de 2021, mas foi exonerado em março deste ano, em meio às denúncias contra a pasta.
No inquérito, a Polícia Federal diz que "Luciano, no contexto investigativo, é personagem importante no suposto esquema de cooptação de prefeitos para angariar vantagens pessoais através do direcionamento ou desvio de recursos do FNDE /MEC a pretexto de atender políticos/prefeituras, caracterizando, hipoteticamente, uma sofisticada captação ilegal de recursos públicos com a eventual infiltração de operador financeiro na gestão da pasta".
Durante a semana, foram divulgadas gravações, feitas com autorização da Justiça, que foram consideradas pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) como indícios de que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na investigação da Polícia Federal (PF) sobre o ex-ministro da Educação.
A investigação consta no material enviado pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Gravações
Durante a semana, foram divulgadas gravações, feitas com autorização da Justiça, que foram consideradas pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) como indícios de que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na investigação da Polícia Federal (PF) sobre o ex-ministro da Educação.
A investigação consta no material enviado pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Conversa com a filha
Em uma das conversas, com uma filha, em 9 de julho, Ribeiro disse que recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) em que o chefe do Executivo nacional dizia temer ser atingido pela investigação da Polícia Federal (PF).
"A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro para a filha. O trecho está em investigação da Polícia Federal.
"Ele quer que você pare de mandar mensagens?", pergunta a filha.
"Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?", questionou.
Ao encaminhar o processo de investigação de Milton Ribeiro ao STF, o juiz federal Renato Borelli cita três conversas em que o ex-ministro demonstra ter medo de operações da Polícia Federal nas investigações sobre a influência de pastores no Ministério da Educação (MEC). Clique aqui para ler a transcrição.
Prisão
Milton Ribeiro esteve como ministro da Educação no governo Bolsonaro entre julho de 2020 e março de 2022. Ele foi preso na última quarta-feira (22/6) pela Polícia Federal (PF) e solto no dia seguinte.
A prisão se deu por uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência e um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação.
Uma decisão dessa quinta-feira (23) do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou a suspensão da prisão do ex-ministro.