O senador pessedista Alexandre Silveira, que chegou a estar cotado para ser o líder de Jair Bolsonaro (PL) no Senado, aproveitou a oportunidade para endossar o compromisso com o grupo e disse que a frente liderada por Lula representa a defesa de "valores inegociáveis". Como exemplos, ele citou a democracia e a república.
O evento teve, também, queixas por ausência de representatividade feminina na lista de oradores. A situação precisou ser contornada (Leia mais abaixo).
A aliança Kalil-PT foi fechada em meados de maio. O partido de Lula abriu mão da pré-candidatura de Reginaldo Lopes ao Senado e, assim, se uniu a Silveira. A vaga de vice-candidato ao governo, então, foi repassada ao deputado estadual petista André Quintão.
Segundo Quintão, a prioridade do PT é envolver a militância na pré-campanha de Kalil. A ideia é impulsionar os diálogos entre o ex-prefeito de BH e movimentos sociais.
"Há um ponto de convergência absoluta (entre PSD e PT): a prioridade ao enfrentamento à pobreza. Colocar as pessoas mais pobres no centro das políticas públicas", disse, ao Estado de Minas, no evento desta quarta.
"Minas é um estado muito desigual. A pobreza vem crescendo e a insegurança alimentar, no Brasil e em Minas, atinge números absurdos", emendou o parlamentar.
Kalil, por sua vez, teceu críticas a Romeu Zema (Novo) e afirmou que o governador enviou emissários para tentar conquistar o apoio de Lula. "Vamos tirar o governador da cadeira em que ele nunca sentou. Durante a tempestade e a pandemia, estava escondido. As estradas estão acabadas - e está fingindo que não é com ele", atacou.
Silveira é associado a Lula em apresentação
Embora tenha sido sondado, ainda no mês passado, para assumir a articulação de Bolsonaro no Senado, Alexandre Silveira fez questão de se mostrar em sintonia a Lula. Antes de empunhar o microfone e discursar aos pré-candidatos, ele foi apresentado como "alguém que já fez parte da equipe de Lula".
A descrição tem motivo: Silveira foi correligionário do ex-vice-presidente José Alencar e, depois, no primeiro mandato presidencial do líder petista, foi diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit).
"Não é uma aliança apenas para ganhar a eleição, mas para ajudar Lula a governar o Brasil, sendo base dele no Senado", garantiu.
Silveira, que substituiu o ex-senador Antonio Anastasia, agora ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) também elogiou Kalil, a quem classificou como figura "incontestável" na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). "Não prometeu e fez mais do que qualquer um como prefeito".
Vereadora do PT tem a palavra após queixas
A mesa do encontro entre PT e PSD teve Alexandre Kalil, Alexandre Silveira e André Quintão. Além deles, estiveram em destaque os deputados estaduais Cristiano Silveira, presidente petista em Minas, e Cássio Soares, secretário-geral pessedista.Depois que Cristiano, Cássio, Silveira e Quintão falaram, o protocolo previa a entrega do microfone a Kalil. Mulheres que compunham a plateia, no entanto, reclamaram falta de representatividade feminina. Então, antes do ex-prefeito discursar, a vereadora de BH Macaé Evaristo (PT), e Andréia Cangussu, secretária de Mulheres do diretório petista, puderam se manifestar.
"Gostaria muito que essa chapa levasse para o coração a reivindicação para mulheres e pessoas negras poderem falar", pediu Macaé. "Estamos decidindo se queremos a democracia ou o autoritarismo; vida digna ou barbárie", assinalou a parlamentar, em crítica indireta a Jair Bolsonaro (PL).
Pré-candidatos do interior para alavancar chapa
A conferência entre petistas e pessedistas hoje foi direcionada, sobretudo, aos pré-candidatos que vivem no interior e têm menos contato com Kalil, Silveira e Quintão. Eles puderam tirar fotos com o trio e receberam mensagens de incentivo."Kalil, André e Alexandre vão precisar de engajamento e parceria. Precisamos construir forte unidade na campanha para conseguir vencer a eleição", pontuou Cristiano Silveira.
Alexandre Silveira, por sua vez, chegou a falar, em tom de "estímulo", como ele mesmo definiu, que a militância do PSD precisa aprender, com os petistas" a forma aguerrida de defender a bandeira".
Embora deputados federais do PSD mineiro, como Diego Andrade e Subtenente Gonzaga tenham se mostrado contrários à união do partido a Kalil e Lula, parlamentares estaduais pessedistas bateram ponto. Foram vistos nomes como Duarte Bechir, Rafael Martins e Osvaldo Lopes. A ex-vereadora de BH Luzia Ferreira, do Cidadania, também teve a presença anunciada pelo mestre de cerimônias do ato.
A frente Lula-Kalil tem, fora o PT, os apoios de PCdoB, PV e PSB. Apesar do discurso de autonomia da direção mineira do União Brasil para decidir os rumos, interlocutores ligados à chapa do PSD creem que o acordo nacional com Luciano Bivar deve prevalecer.
A Rede Sustentabilidade, embora forme uma federação com o Psol, que tem Lorene Figueiredo como pré-candidata ao Palácio Tiradentes, também dará apoio a Kalil, mas de modo informal.