Sem planejamento e sem plano de governo, o vereador e ex-vice-presidente da Câmara Municipal de Mariana, Ronaldo Bento (PSB), tomou posse de prefeito interino de Mariana, na Região Central de Minas Gerais.
O mandato como chefe do Executivo se inicia nesta sexta-feira (1/7) e vai até 31 de dezembro de 2022, caso a situação do prefeito eleito sub judice, Celso Cota, não seja decidida na justiça eleitoral até o fim do ano.
Juliano Gonçalves (Cidadania) deixa o cargo de prefeito interino em cumprimento da determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e reassume a presidência da Câmara Municipal.
Na posse, o novo prefeito interino, Ronaldo Bento (PSB), disse se sentir surpreso com a ida para o Executivo e vê a missão como um desafio a ser enfrentado.
Ele também disse que durante os seis meses de mandato, deseja que os 15 vereadores contribuam na gestão e assume o compreomisso de que não haverá perseguições políticas.
Ele lembra que a atual mesa diretora tem até o dia 31 de dezembro para cumprir o mandato e que em 2023 será uma nova composição com possiblilidades de um terceiro prefeito interino.
“Se Deus permitir quero que no dia 31 dezembro eu retorne para o meu cargo de vereador, só temos seis meses de gestão e acredito que não iremos conseguir fazer tudo que atenda às nossas demandas devido ao curto prazo e peço muito apoio da população, é o que temos para o momento e espero fazer uma boa gestão”.
Na sessão de troca de mandatos, Juliano Gonçalves afirma que o novo prefeito interino, Ronaldo Bento, vai encontrar a prefeitura da cidade em uma situação confortável com licitações e obras em andamento e um saldo de R$ 50 milhões nos cofres municipais.
Juliano Gonçalves também disse que se sente honrado em ter cumprido o período como prefeito interino e acredita que toda mudança pode trazer prejuízos ao povo marianense.
Sucessiva troca de comando
A cidade histórica tem passado, desde 2010, por uma sucessiva troca no comando do Executivo.
De lá para cá, Ronaldo Bento é o nono a assumir o cargo de prefeito, sendo que nesse período, apenas o ex-prefeito, Duarte Júnior (PPS), conseguiu chegar até o fim do mandato.
A primeira troca fora do calendário eleitoral aconteceu em fevereiro de 2010, quando Roque Camello foi condenado pelo TSE acusado de compra de voto na campanha eleitoral de 2008.
Ele atuou como prefeito de Mariana por pouco mais de um ano e a Justiça Eleitoral determinou que Therezinha Ramos (PTB), segunda colocada na eleição de 2008, assumisse o cargo que durou apenas três meses.
Acusada de gasto ilícito de verbas na campanha eleitoral, Therezinha Ramos foi condenada pela Justiça Eleitoral e afastada em maio de 2010.
Coube ao então presidente da Câmara Municipal, Raimundo Horta (PDMB) assumir de forma interina a prefeitura até o fim de 2010.
Como o Legislativo realiza eleições a cada dois anos, os vereadores tiveram de escolher um novo presidente da Casa Legislativa e a administração de Mariana trocou de mãos novamente.
Eleito pelos parlamentares da época, o vereador Geraldo Sales de Souza, o Bambu (PDT), tornou-se prefeito no começo de 2011 ficando no cargo até agosto, quando Therezinha Ramos conseguiu reverter no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) a decisão judicial de maio de 2010.
Therezinha ficou novamente por um período curto à frente do Executivo municipal e sofreu um processo de impeachment por causa da acusação de usar verbas públicas de forma ilícita e, assim, Roberto Rodrigues (PTB), seu vice, assumiu a prefeitura em fevereiro de 2012.
Rodrigues foi candidato a prefeito nas eleições daquele ano, mas perdeu para Celso Cota que, na época pertencia ao PSDB, que tomou posse em 1º de janeiro de 2013.
A história de Celso Cota como prefeito de Mariana foi iniciada anteriormente por dois mandatos - 2001 a 2008 - e trazia daquele período uma condenação por improbidade administrativa. A acusação era de promoção pessoal com verbas públicas. Cota teve seus direitos políticos suspensos.
Cota obteve uma liminar na Justiça para poder concorrer na eleição de 2012, mas o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) julgou o caso novamente e manteve a condenação anterior, e seu mandato foi cassado com apenas dois anos de gestão. Assim, o vice-prefeito, Duarte Júnior chegou ao comando da administração de Mariana com posse em 16 de junho de 2015.
Duarte Júnior iniciou o segundo mandato em 2017 e encerrou em 2020. Nas eleições de 2020, Celso Cota concorreu novamente ao cargo de prefeito, sendo eleito com 42,61% dos votos válidos, mas não assumiu a cadeira porque os direitos políticos ainda então sendo julgados.
E foi nessa situação que Juliano Gonçalves se tornou prefeito interino de Mariana, ele assumiu o cargo após ser eleito presidente da Câmara Municipal, em janeiro de 2021.