O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, quer que sejam endurecidas as penas contra as quadrilhas chamadas de “novo cangaço”, que atacam caixas eletrônicos e agências bancárias, provocando terror nas pequenas cidades brasileiras. Ele apresentou sugestão a deputados e senadores para a implementação de mudanças na lei penal.
O ministro abordou o assunto nessa quinta-feira (30/6), em Montes Claros, no Norte de Minas, onde recebeu o título de cidadania do município, concedido pelos vereadores da cidade.
Na solenidade, realizada na Câmara de Vereadores local, Anderson Torres foi defendido pelo deputado federal Delegado Marcelo Freitas (União), com relação a suspeitas de vazamento de informações sobre operações da Policia Federal (PF) para o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Segurança pública é um problema muito grave da sociedade brasileira. É um dos principais problemas que o povo brasileiro sente no dia a dia, quando sai de casa. Para nós, é uma questão de honra continuar trabalhando, continuar resolvendo (esse problema)”, afirmou o ministro da Justiça e Segurança Pública.
Necessidade de apoio
Na sequência, ele destacou que necessita do apoio de deputados e senadores para “dar uma guinada” no combate às organizações criminosas, fazendo referência ao “novo cangaço”.
“Precisamos muito do parlamento federal. Precisamos dar uma guinada nisso (no combate ao crime). Precisamos cuidar de uma série de coisas. Recentemente, apresentamos como sugestão ao parlamento, para ser votado imediatamente, um projeto de lei para aumentar penas e facilitar o trabalho da polícia nessa questão, esse tipo de crime que ocorre nas cidades pequenas”, afirmou o ministro.
Dificuldades
Ele reconheceu que o Estado tem dificuldades para enfrentar o poder dos bandos armados que se especializaram no ataque a caixas eletrônicos e agências de bancos dos municípios menores.
“Os criminosos chegam armados nessas cidades, criam terror, ameaçam pessoas, metralham unidades da Polícia Militar, fazem e acontecem... O Estado, muitas vezes, não tem como chegar (agir) de maneira mais efetiva", declarou.
Itajubá
Na madrugada do dia 23 de junho, moradores de Itajubá, no Sul de Minas, foram aterrorizados por um grupo de criminosos fortemente armado, que assaltou a agência central da Caixa Econômica Federal e atacou o quartel da Polícia Militar, deixando cinco feridos.
Após a ação, criminosos se dividiram em dois grupos, que fugiram no sentido Pouso Alegre (pela BR-459); e outro em direção a São Lourenço, passando por Maria da Fé.
Também no Sul do estado, em Varginha, em 31 de outubro de 2021, uma operação conjunta entre as polícias Militar e Rodoviária Federal terminou com a morte de 26 criminosos que, de acordo com as investigações, estavam planejando assalto a um banco na cidade, dentro do “modus operandi” do “novo cangaço”.
Operação da PF
Durante a solenidade de entrega do título de Cidadão Honorário de Montes Claros, o deputado federal Delegado Marcelo Freitas defendeu Anderson Torres das suspeitas de vazamento de informações sobre operações da Polícia Federal, vinculada à pasta.
Segundo o parlamentar, o Ministério da Justiça, sob o comando do seu atual titular, “não vaza absolutamente nenhuma informação emanada da Policia Federal, como se tentou divulgar em alguns veículos de comunicação”.
“Temos uma Polícia Federal autônoma e independente, que não beneficia nem prejudica quem quer que seja. E sob seu comando (de Anderson Torres), tenho absoluta certeza de que esta Polícia Federal permanece cada vez mais autônoma, cada vez mais independente”, afirmou Freitas, presidente do diretório estadual do União Brasil em Minas e, assim como atual ministro da Justiça, é delegado de carreira da PF.
Ainda na defesa do ministro da Justiça, o deputado federal do União Brasil citou palavras de Mahatma Gándhí: “quando me desespero, me lembro que durante toda a história o caminho da verdade e do amor sempre ganharam. Tem existido tiranos e assassinos, e, por um tempo, eles parecem invencíveis, mas, no final, sempre caem".
Milton Ribeiro
As suspeitas de vazamento de informações sobre operações da Polícia Federal foram levantadas na imprensa depois de revelação de gravação de fala do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, no dia 9 de junho, quando ele disse à sua filha que o presidente Jair Bolsonaro teria afirmado que tinha um “pressentimento”, e ele (o ex-ministro), poderia ser alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal.
No dia 22 de junho, Ribeiro foi preso na Operação Acesso Pago da PF, sendo solto no dia seguinte.
Também em 9 de junho, Anderson Torres estava em viagem aos Estados Unidos em companhia de Bolsonaro nos Estados Unidos. Mas o próprio ministro da Justiça e Segurança Pública, assim que surgiram as suspeitas, se defendeu de qualquer tipo de vazamento de informações sobre o trabalho da Polícia Federal.
"Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”, afirmou Torres em publicação no Twitter.
Na viagem a Montes Claros, quando participou também do lançamento de um livro do deputado Delegado Marcelo Freitas, o ministro Anderson Torres não tocou no tema relacionado a operações da PF. Ele não falou com a imprensa.