Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Depois de renunciar por suspeita de rachadinha, vereador quer ser deputado

O ex-vereador de Belo Horizonte, Rogério Alkimim (PP), é pré-candidato a uma vaga de deputado estadual nas eleições deste ano.

O político é investigado por suspeita de ter participado de um esquema de rachadinha e nepotismo na Câmara Municipal. Por causa do escândalo, Alkimin renunciou ao cargo e o suplente dele, vereador Cleiton Xavier (PMN), assumiu nesta sexta-feira (1°/7).





Nas redes sociais, Alkimim tem compartilhado com seus mais de 40 mil seguidores uma agenda que tem feito por Minas Gerais. Nesta sexta, ele mostrou sua agenda por Santa Luzia. “Hoje é dia de ouvir a população de Santa Luzia. Tem um estado de Minas Gerais me aguardando para cuidar do terceiro setor, da saúde, esporte, educação e, claro, gerar renda e emprego para essa população. Isso eu fiz em Belo Horizonte e quero fazer no estado de Minas Gerais. Dar oportunidade de emprego a essa nação”, afirmou, nos stories do Instagram.

Ele ainda mantém em seu perfil a descrição como “vereador eleito em BH com 6.061 votos” e “líder do bloco Todos por BH”. No entanto, outros parlamentares do Colégio de Líderes pressionaram pela renúncia de Alkimim para evitar o desgaste na Câmara de passar pelo processo de cassação, que pode durar três meses. Desse modo, a presidente da Casa, Nely Aquino (Podemos), confirmou a renúncia do vereador na última quinta-feira (30/6). 
 

Rachadinha

Rogério Alkimim enfrenta o escândalo de nepotismo e rachadinha, além de ser acusado de contratação de funcionários-fantasma, com desvio de R$ 55 mil a R$ 70 mil. A Polícia Civil e a Procuradoria da Câmara investigam o caso. O processo segue em segredo de Justiça. 





A ação é considerada ilegal, pelo fato de o parlamentar contratar servidores e ficar com parte do salário deles. Nos dois pedidos de cassação de mandato, as denúncias foram assinadas pelos advogados Mariel Marra e Thaís Otoni Fontella.
 
No dossiê, Mariel diz ter sido procurado por uma testemunha que resolveu denunciar o esquema de desvio de salários. Segundo o advogado, as supostas "rachadinhas", somadas, geram entre R$ 50 mil e R$ 60 mil ao mês. A lista de possíveis envolvidos tem um tio-avô de Alkimim, que receberia mais de R$ 11 mil ao mês como funcionário do gabinete. Efetivamente, porém, o homem só ficava com cerca de R$ 1 mil, tendo de repassar o restante ao esquema.

As suspeitas sobre Alkimim incluem, ainda, o uso de carros oficiais da Câmara para viagens pelo interior mineiro e o destacamento de funcionários do gabinete para realizar atividades da organização não-governamental (ONG) ligada ao vereador. No ano passado, o vereador chegou a indicar a ONG, batizada Raio de Luz, para receber emenda solicitada por seu mandato. A verba, no entanto, não chegou a ser paga. 




Suplente tomou posse

Nesta sexta-feira (1°/7), Cleiton Xavier (PMN), suplente de Alkimim, tomou posse na Câmara. Natural de Belo Horizonte, advogado, pós-graduado e investigador de Polícia Civil, Cleiton irá exercer, pela primeira vez, um mandato eletivo
 
Posse do vereador Cleiton Xavier (PMN) nesta sexta-feira (1°/7) na Câmara Municipal de Belo Horizonte (foto: Karoline Barreto/CMBH)
 

O vereador leu e assinou o termo de posse, quando jurou defender e cumprir a Constituição e exercer seu mandato sob a inspiração do interesse público, da lealdade e da honra. “Assumo honroso cargo sem a pretensão de ser melhor, mas firme no propósito de me tornar um vereador servidor, que estará em permanente serviço do povo da cidade”, afirmou Cleiton. 

“Sei que os desafios são muitos para tornar nossa Belo Horizonte uma cidade com igualdade de direitos. Vou focar meu trabalho na ética e transparência na missão de bem representar o povo”, acrescentou.

Entre os temas de interesse do novo vereador está a inserção de crianças e adolescentes no esporte como forma de prevenção à criminalidade. Membro da Associação dos Atletas de Cristo, Cleiton também preside o Conievi - Conselho Brasileiro de Igrejas Evangélicas Independentes e é pastor auxiliar na Igreja Batista Getsêmani em Belo Horizonte.
 
A reportagem do Estado de Minas tentou contato com o ex-vereador de BH, Rogério Alkimim, mas não obteve resposta.
 
Com informações da Câmara Municipal de Belo Horizonte