Jornal Estado de Minas

NA BRONCA

Policiais federais dizem que Bolsonaro só trouxe 'desgastes'

Delegados e peritos da Polícia Federal (PF) emitiram uma nota nesta terça-feira (5/7) com críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
 
Os agentes reclamam que foi perdido o prazo de aprovação da reestruturação de carreiras da PF.




 
No comunicado, ainda apontaram que foi um compromisso firmado publicamente pelo chefe do Executivo e avaliaram a situação como um “descaso, desprestígio e desvalorização” e só trouxe “desgastes” à Instituição.

A nota é assinada por entidades que representam o setor: Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (FENADEPOL).
 
Eles cobraram do presidente uma promessa feita em dezembro, sobre uma reestruturação das carreiras policiais e possivelmente também um reajuste salarial.
 
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Na época, Bolsonaro ressaltou o trabalho dos policiais.




 
“O que nós fazemos por vocês é por obrigação nossa, vocês merecem ser tratados da melhor maneira possível por quem ocupa momentaneamente a Presidência da República”, afirmou.
 
“Algumas injustiças acontecem em nossas vidas, não quero me eximir de responsabilidade, temos que buscar corrigi-las”, acrescentou.

Agora, com a proximidade do pleito, a lei eleitoral proíbe qualquer aumento de salário de servidores públicos.
 
Com isso, as entidades que representam as instituições de segurança do país ressaltaram que o presidente levantou a bandeira dos militares para ser eleito em 2018 e não cumpriu as expectativas.
 
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“Apesar de ter sido eleito com a bandeira da segurança e do combate à corrupção como maior trunfo da campanha em 2018, o presidente e sua equipe só trouxeram desgaste à imagem destas instituições e prejuízos aos policiais federais”, informa a nota. 




Confira a nota na íntegra:


A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (FENADEPOL) repudiam veementemente a forma de condução e a posição do governo federal durante a discussão de um tema tão sensível, lamentando o encerramento do prazo para que fosse aprovada e sancionada a reestruturação das forças de segurança da União.

O não cumprimento do compromisso firmado publicamente pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, é a representação máxima do que esse governo significou para a segurança pública e seus servidores: descaso, desprestígio e desvalorização.
 
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Apesar de ter sido eleito com a bandeira da segurança e do combate à corrupção como maior trunfo da campanha em 2018, o presidente e sua equipe só trouxeram desgaste à imagem destas instituições e prejuízos aos policiais federais.





A despeito de todo o retorno que a Polícia Federal proporciona ao Estado, ano após ano, do sacrifício diário de seus policiais nas fronteiras, no combate ao tráfico de drogas, no combate ao crime organizado e à corrupção, hoje os policiais federais possuem menos direitos e salários menores do que antes da atual gestão.
 
Há ainda a questão da perda de proteção à família do policial morto e outros absurdos em decorrência da reforma da previdência, bem como outras propostas de ataque ao serviço público.
 
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Durante os últimos quatros anos, os policiais federais atuaram com coragem e muitas vezes com sacrifício pessoal, tendo enfrentado dois terríveis anos de pandemia sem diminuir sua força e atuação, estando em contato direito com o risco de contrair o vírus.




 
Não obstante, o que se viu por parte do Governo Federal foi um ataque covarde aos direitos dos policiais federais com a reforma da previdência, com falas que constantemente jogaram desconfianças sobre a autonomia e a imparcialidade do órgão, bem como várias tentativas de centralizar as decisões sobre a cadeia de comando do órgão.

Não há como acreditar mais em promessas de que a valorização das forças de segurança virá no futuro. As entidades continuarão a defender seus policiais e sua instituição, como uma polícia de Estado e não de governo, seja qual for o governante, independentemente de ideologia ou viés político, combatendo sempre o uso da Polícia Federal como mecanismo de marketing governamental.

Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)
Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF)
Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (FENADEPOL)”.