A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou nesta quarta-feira (6/7), para manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o inquérito que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal (PF) na investigação de corrupção no Ministério da Educação (MEC).
O caso estava na Justiça Federal e foi encaminhado ao Supremo após a PF e o Ministério Público Federal (MPF) apontarem indícios de que o presidente poderia ter atuado para atrapalhar as investigações.
Na semana passada, Cármen Lúcia tinha determinado que a PGR se manifestasse sobre o pedido de investigação feito por outro deputado de oposição, Reginaldo Lopes (PT-MG). Nesse despacho, porém, ela não havia mencionado a "gravidade do quadro narrado".
Gravações
Foram divulgadas gravações, feitas com autorização da Justiça, consideradas pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) como indícios de que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na investigação da Polícia Federal (PF) sobre o ex-ministro da Educação.
A investigação consta no material enviado pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Conversa com a filha
Em uma das conversas, com uma filha, em 9 de julho, Ribeiro disse que recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL), em que o chefe do Executivo nacional dizia temer ser atingido pela investigação da Polícia Federal (PF).
"A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele está com um pressentimento novamente de que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro para a filha. O trecho está em investigação da Polícia Federal.
"Ele quer que você pare de mandar mensagens?", pergunta a filha.
"Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?", questionou.
Ao encaminhar o processo ao STF, o juiz federal Renato Borelli cita três conversas em que o ex-ministro demonstra ter medo de operações da Polícia Federal nas investigações sobre a influência de pastores no Ministério da Educação (MEC). Clique aqui para ler a transcrição.
Prisão
Milton Ribeiro esteve como ministro da Educação no governo Bolsonaro entre julho de 2020 e março de 2022. Ele foi preso na última quarta-feira (22/6) pela Polícia Federal (PF) e solto no dia seguinte.
A prisão se deu por uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência e um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação.
No dia último dia 23, o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou a suspensão da prisão do ex-ministro.