Jornal Estado de Minas

ELEIÇÃO ESTADUAL

Paulo Brant: debate sobre novo vice de Zema passa imagem de 'desorientação'

O vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant (PSDB), que não vai seguir no Palácio Tiradentes mesmo caso Romeu Zema (Novo) seja reeleito, diz que as incertezas a respeito do parceiro de chapa do governador passam a impressão de "desorientação". A lista de substitutos do tucano no posto de vice é numerosa e tem, desde uma opção vinda do próprio Novo, deputados de partidos aliados ao Executivo estadual.



"Eu não estou participando internamente (da escolha do vice), mas de fora passa um pouco essa imagem de desorientação", afirmou Brant, em participação no programa "Café com Matte", do jornalista Marcelo Matte. A íntegra da entrevista será exibida nesta quinta-feira (7/7), no YouTube.

Zema não esconde a preferência por um vice de outro partido, a fim de sinalizar à base aliada que pretende acompanhá-lo neste ano. Parte do Novo, no entanto, defende uma chapa puro-sangue com o ex-secretário-geral de Governo, Mateus Simões.

No leque de opções externas, há nomes como o do deputado federal Marcelo Aro (PP), líder do governo mineiro no Congresso Nacional, e cujo pai, o Zé Guilherme, também do PP, lidera o bloco de deputados estaduais governistas.



O jornalista Eduardo Costa, do Cidadania, também recebeu convite para ser o vice. A composição, no entanto, pode ser barrada pela federação de seu partido com o PSDB de Brant. Os tucanos têm Marcus Pestana, ex-secretário de Saúde e ex-deputado federal, como pré-candidato.

Paulo Brant foi filiado ao PSDB durante considerável tempo. Em 2018, quando Zema venceu a disputa estadual, o vice-governador estava filiado ao Novo. Ele retornou ao ninho tucano no ano passado.

O vice-governador mineiro classificou o partido de Zema como uma "bela ideia", mas ressaltou que a legenda ainda precisa de certo amadurecimento.

"O Novo tem que evoluir, principalmente, na questão de encarar a política não como um mal necessário, mas como algo fundamental para gerar consensos e convergências", opinou.

Imbróglio com a segurança gerou saída do Novo


Antes de retornar ao PSDB, Brant ficou cerca de um ano sem filiação partidária. Ele deixou o Novo em março de 2020, em meio a uma das crises do governo que foram geradas pela relação com a segurança pública.



À época, o Palácio Tiradentes havia prometido reajustar, em três parcelas que totalizavam 41,7%, os salários dos oficiais. Zema, no entanto, sancionou lei que garantia aumento de 13%. O caso culminou, inclusive, nas manifestações ocorridas no início deste ano.

"Houve uma série de reuniões com os representantes da área de segurança, chegou-se a uma solução, o governo fez a proposta, a proposta foi aceita. Foi enviado um projeto de lei e a Assembleia aprovou. (Não houve a sanção) por pressão do partido Novo nacional - é importante ressaltar, não foi o Novo estadual. Achei aquilo um absurdo", contou Brant, a Marcelo Matte. "A palavra dada tem de ser cumprida", emendou.

O vice-governador criticou as tentativas da direção nacional do Novo de interferir na gestão pública em Minas.

"À época, eu não aceitava o fato do partido Novo querer influenciar e passar 'pitos' no governo. Eu acho que o governo é maior do que o partido. Então, por conta disso, saí do Novo. Porque eu me senti absolutamente desconfortável".

Antes de rumar ao Novo para ser o vice de Zema e depois da primeira passagem pelo PSDB, Brant compôs os quadros do PSB. Ele era o preferido de Marcio Lacerda para sucedê-lo em 2016, mas acabou compondo chapa com Délio Malheiros (PSD).

Marcelo Matte, por sua vez, chegou a chefiar a secretaria de Estado de Cultura no início do governo Zema. Antes, foi diretor da TV Globo em Minas Gerais.