O vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant (PSDB), que não vai seguir no Palácio Tiradentes mesmo caso Romeu Zema (Novo) seja reeleito, diz que as incertezas a respeito do parceiro de chapa do governador passam a impressão de "desorientação". A lista de substitutos do tucano no posto de vice é numerosa e tem, desde uma opção vinda do próprio Novo, deputados de partidos aliados ao Executivo estadual.
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No leque de opções externas, há nomes como o do deputado federal Marcelo Aro (PP), líder do governo mineiro no Congresso Nacional, e cujo pai, o Zé Guilherme, também do PP, lidera o bloco de deputados estaduais governistas.
O jornalista Eduardo Costa, do Cidadania, também recebeu convite para ser o vice. A composição, no entanto, pode ser barrada pela federação de seu partido com o PSDB de Brant. Os tucanos têm Marcus Pestana, ex-secretário de Saúde e ex-deputado federal, como pré-candidato.
Paulo Brant foi filiado ao PSDB durante considerável tempo. Em 2018, quando Zema venceu a disputa estadual, o vice-governador estava filiado ao Novo. Ele retornou ao ninho tucano no ano passado.
O vice-governador mineiro classificou o partido de Zema como uma "bela ideia", mas ressaltou que a legenda ainda precisa de certo amadurecimento.
"O Novo tem que evoluir, principalmente, na questão de encarar a política não como um mal necessário, mas como algo fundamental para gerar consensos e convergências", opinou.
Imbróglio com a segurança gerou saída do Novo
Antes de retornar ao PSDB, Brant ficou cerca de um ano sem filiação partidária. Ele deixou o Novo em março de 2020, em meio a uma das crises do governo que foram geradas pela relação com a segurança pública.
À época, o Palácio Tiradentes havia prometido reajustar, em três parcelas que totalizavam 41,7%, os salários dos oficiais. Zema, no entanto, sancionou lei que garantia aumento de 13%. O caso culminou, inclusive, nas manifestações ocorridas no início deste ano.
"Houve uma série de reuniões com os representantes da área de segurança, chegou-se a uma solução, o governo fez a proposta, a proposta foi aceita. Foi enviado um projeto de lei e a Assembleia aprovou. (Não houve a sanção) por pressão do partido Novo nacional - é importante ressaltar, não foi o Novo estadual. Achei aquilo um absurdo", contou Brant, a Marcelo Matte. "A palavra dada tem de ser cumprida", emendou.
O vice-governador criticou as tentativas da direção nacional do Novo de interferir na gestão pública em Minas.
"À época, eu não aceitava o fato do partido Novo querer influenciar e passar 'pitos' no governo. Eu acho que o governo é maior do que o partido. Então, por conta disso, saí do Novo. Porque eu me senti absolutamente desconfortável".
Antes de rumar ao Novo para ser o vice de Zema e depois da primeira passagem pelo PSDB, Brant compôs os quadros do PSB. Ele era o preferido de Marcio Lacerda para sucedê-lo em 2016, mas acabou compondo chapa com Délio Malheiros (PSD).
Marcelo Matte, por sua vez, chegou a chefiar a secretaria de Estado de Cultura no início do governo Zema. Antes, foi diretor da TV Globo em Minas Gerais.