Após meses de negociação, PT e PSB se reuniram ontem, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, para celebrar a união entre as siglas. Os acordos amarrados pelo PT resultaram em um palco histórico que juntou no mesmo local o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu pré-candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (que governou São Paulo em dois momentos pelo PSDB e agora é filiado ao PSB), o ex-governador Márcio França (PSB), e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
No ato, as lideranças históricas do estado, que em muitas vezes já se antagonizaram, se reuniram para comemorar a união das legendas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano. O público também pareceu ignorar os desentendimentos históricos, aplaudindo todos os personagens que subiram ao palco. Lula culpou Jair Bolsonaro pela fome e pelo desemprego no Brasil: “falta de vergonha na cara de quem governa este país”.
Ele contextualizou a situação de 33 milhões de brasileiros que enfrentam a fome, citando que o problema já havia sido superado na gestão do governo do Partido dos Trabalhadores (PT). “Não é falta de capacidade produtiva, é falta de dinheiro, e essa falta de dinheiro é causada pelo desemprego, e o desemprego é causado pela falta de vergonha na cara de quem governa este país”, disse Lula.
Lula declarou ainda que, se vencer as eleições, vai lidar com um país em situação pior em relação a 2003, no início de seu primeiro governo. Ele citou a escalada da inflação, da taxa de juros e da falta de emprego, em contraponto à diminuição da massa salarial. “Não é difícil resolver o problema do pobre, não. Nós vamos fazer o que já fizemos da outra vez. Vamos colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda, para ele aprender a pagar Imposto de Renda sobre lucros e dividendos, coisa que ele não paga”, discursou.
No evento em Diadema, o público aplaudiu os políticos que integram o movimento Vamos Juntos pelo Brasil, agregando PT, PCdoB, PV, Psol, Solidariedade e Rede, e o PSB de Geraldo Alckmin. A formação vem sendo considerada uma união histórica, já que reúne partidos que por muitas vezes foram antagonistas.
Orçamento secreto
No ato em Diadema, Lula voltou a citar o orçamento secreto, esquema de compra de apoio legislativo por parte do Executivo. De acordo com o ex-presidente, essa é “a maior bandidagem feita em 200 anos de república”. Lula também voltou a reclamar da ingerência do Executivo em cima do orçamento.
Para o petista, que pontuou a importância de se eleger um Congresso favorável ao seu projeto, será necessário sentar com o Legislativo para “colocar ordem na casa” e para que cada Poder fique responsável pela sua própria tarefa. Na sua crítica à atual conjuntura dos Poderes, Lula afirmou que quem administra o orçamento é o governo, e não o Congresso.
Pré-candidato à Câmara dos Deputados, Guilherme Boulos (Psol-SP) discursou ao lado do ex-presidente; Boulos destacou a necessidade de alianças para derrotar “o pior presidente da história deste país”. Boulos chegou a ser pré-candidato ao Executivo estadual pelo Psol, mas firmou uma aliança com o PT para desistir da disputa. A promessa petista foi de apoio ao líder nas eleições de 2024 para a prefeitura do estado.
Em sua fala, o pré-candidato destacou a importância de acabar “com 30 anos de governos tucanos neste estado”, e tirar o bolsonarismo do estado. Boulos também frisou a necessidade de se eleger “a maior bancada de esquerda deste país no Congresso Nacional” para derrotar a “turma do orçamento.