Em duplo compromisso, com motociata e participação na Marcha para Jesus em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou o sábado entre frases que ele repetiu em tantos outros discursos e mistura de política e religião. O chefe do Executivo não chegou a pedir votos em seu discurso único durante a marcha. Porém, disse que o país trava uma “guerra do bem contra o mal”, pouco depois de dizer que reza todos os dias para que o povo não “experimente as dores do comunismo”.
As falas fazem alusão à disputa pela Presidência neste ano contra o principal adversário, Luis Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato e ex-presidente. “Temos que nos apresentar não apenas por questões materiais, mas pelas questões espirituais também. (...) Homens e mulheres de bem são os guerreiros dessa guerra. Não cabe a uma pessoa vencer essa guerra, mas a todos nós nos afastarmos cada vez mais daqueles que querem nos afastar do nosso criador e querem tomar a nossa liberdade”, disse Bolsonaro em Minas.
Antes de sair em trio elétrico pela marcha, o presidente citou outros temas que se tornaram chaves para inflamar a base conservadora. Disse ser contra o aborto, a ideologia de gênero, a legalização das drogas e os jogos. Chamou a atenção que, enquanto ele desfilava junto a outros políticos, como os deputados federais Carla Zambeli (PL), Hélio Negão (PL) e o vereador de Belo Horizonte Nicolas Ferreira (PL), os hinos cristãos citavam a todo tempo o nome de Bolsonaro em meio às letras das músicas.
Pela manhã, em São Paulo, Bolsonaro participou da Marcha para Jesus na capital paulista. No evento, Bolsonaro afirmou que a eleição de outubro de 2022 será “uma luta do bem contra o mal”. A declaração foi dada durante um pronunciamento no início da tarde na marcha. O evento reuniu milhares de cristãos, evangélicos em grande maioria, na capital paulista.
“O Brasil é um país cristão, que defende a vida desde a sua concepção. É um país que quer o respeito à criança dentro de sala e, por isso, é contra a ideologia de gênero. É um país que quer uma sociedade sadia, por isso somos contra a liberação das drogas. Somos um país que defende a família, um país onde sua grande maioria é do bem. Uma pátria inigualável no mundo todo. Somos benquistos em qualquer lugar do globo terrestre”, afirmou Bolsonaro.
E prosseguiu: “temos pela frente uma luta do bem contra o mal. Está bem claro o campo de batalha. Mas, como a história sempre mostrou, o bem será vitorioso. Estou aqui porque acredito em vocês, e todos nós estamos aqui porque acreditamos em Deus”, complementou posteriormente.
“Vejo como os povos desses outros países (da América do Sul) estão vivendo, vejam como vivem os nossos irmãos da Venezuela, como estamos indo, outros países como Argentina, Chile e Colômbia. Nós não queremos isso para o nosso Brasil. O Brasil é uma potência em todos os aspectos, em especial, no ser humano que habita aqui”, afirmou o presidente.
Economia
No palco da Marcha para Jesus, Bolsonaro disse ainda que o Brasil enfrenta consequências econômicas decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, mas afirmou que a economia do país já começa a se recuperar. “Passamos por momentos difíceis, como a pandemia. Lamentamos as mortes. Consequências na nossa economia também por uma guerra lá fora. Mas essas questões são passageiras”, disse. “A questão econômica vocês sabem que começa a ser superada. Não é um problema apenas do Brasil, é do mundo todo. Nós, os que menos sofremos neste momento com essa questão econômica, somos os primeiros a sair dessa situação.”
Bolsonaro atribuiu essa recuperação econômica à escolha de pessoas técnicas e “que têm Deus no coração” para ocupar o governo. O presidente ainda aproveitou a fala para criticar adversários que defenderam o distanciamento social durante a fase mais aguda da pandemia. “Vocês viram quem fechou igrejas, quem obrigou vocês a ficar em casa”, disse o mandatário. Sem citar nomes de adversários, Bolsonaro disse aos presentes que “sabemos quem são aqueles que querem roubar a nossa liberdade” e afirmou que reza todos os dias para que o Brasil não sofra “as dores do comunismo e do socialismo”. Ele ainda disse que, embora o país seja laico, tem um presidente cristão.