“Bolsonaro” e “mito”. Arruda reagiu, disparou contra Guaranho, que também foi morto.
Bolsonarista, Jorge Guaranho teria invadido a festa aos gritos de O filho de Marcelo Arruda, o vendedor Leonardo Arruda, de 26 anos, em entrevista ao jornal "O Globo", contou o que ocorreu: "O bolsonarista apareceu do nada. Ninguém conhecia ele. Ele gritava que ia matar todos os petistas, gritava palavras de ordem e 'aqui é Bolsonaro'". Ele chegou a apontar a arma pela primeira vez para meu pai. A esposa dele tentou evitar que ele fizesse um primeiro disparo. Ele prometeu que ia voltar e voltou logo depois já atirando. Ele acertou três tiros no meu pai. Pelo ódio dele, parecia que ia matar todo mundo. Mas meu pai conseguiu evitar o pior, antes de morrer".
Leonardo narrou ainda que, antes da tragédia, "o ambiente estava maravilhoso". "O tema era sobre o PT, partido que ele se identifica, que ele gosta. Nós vivemos num país democrático, e devia ser assim. Uma pessoa não pode morrer por causa de uma questão política. Eu penso o seguinte: fez a festa do PT, Lula, que haja respeito. Se outra pessoa faz um aniversário com tema Bolsonaro, que respeite também. Não precisa ir num aniversário do rival e matar ele. Cada um comemora do jeito que quiser. A gente estava numa associação, num ambiente tranquilo", disse.
Para Leonardo, "a pessoa estava tomada pelo ódio. Não pensa na família dele, nem na minha. Ele matou enquanto gritava aqui é Bolsonaro, aqui é mito. Estamos todos muito apavorados"."
Havia bolsonaristas na festa, como convidados
Amigo de Marcelo Arruda, André Aliana também relatou ao jornal "O Globo" o que ocorreu. "Estávamos na festa de aniversário. Ninguém estava bêbado, ninguém gritava, não tinha som alto. Estava todo mundo bem. Meia horas depois dos parabéns, veio um carro. Acho que entrou por engano, porque estávamos nos fundos do clube e ali não é um lugar de passagem. O cara teve que entrar na associação e adentrar mais de 100 metros em direção aos fundos. Aí ele começa a gritar Lula ladrão, e a xingar a todos da festa. A gente achou que era brincadeira, pois tinha bolsonaristas na festa. Aí uma pessoa foi chamar o Marcelo na cozinha para receber o cara, que a gente achava que era mais um convidado, uma visita", afirmou.
Em seguida, relata André, Marcelo foi até a porta. "O cara continuou xingando, e o Marcelo pede para ir embora, diz que 'aqui é festa de família'. O Marcelo estava com a camisa do Lula, o que deixa o cara mais irritado. Então, o cara tirou a pistola para fora do carro. A mulher dele estava no banco de trás, com um bebê e começa a gritar com ele, pedindo para eles saírem de lá. Ele sai, mas disse que ia voltar para para matar todo mundo. Ninguém acreditou que ele pudesse voltar, exceto o Marcelo. Ele disse: 'Quer saber de uma coisa, vou pegar minha pistola. Vai que esse maluco resolve voltar'. Eu insisti para ele não buscar, mas ele buscou a pistola e pôs na cintura. Em seguida, o assassino voltou e freou o carro bruscamente", declara.
André continua o relato: "Neste momento, todos começaram a correr e Marcelo levanta a arma dizendo que era polícia. Então o cara atira em direção ao Marcelo e uma bala acerta a perna dele. Por causa desse tiro, o Marcelo cai. Então, o cara caminha em direção ao Marcelo e lhe dá um tiro no peito. Marcelo consegue se virar e descarrega a pistola nele". André, que já prestou depoimento à Polícia Civil.
Todos transtornados
A mulher de Marcelo, Pâmela Arruda, declara que todos estão transtornados: "A gente está transtornado, transpassado. Eu não queria acreditar que fosse verdade. Estou com um bebê de quarenta dias. A gente fez uma decoração do PT, porque o Marcelo é do PT. Ele ganhou algumas coisas do PT, do Lula, mas tudo brincadeira. Todo mundo brincando numa boa. Esse cara apareceu atirando".
A Polícia Civil está investigando as mortes. Marcelo Arruda era pai de quatro filhos, entre eles um bebê de apenas 1 mês. Além de guarda municipal, era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi) e tesoureiro do PT local. Nas eleições de 2020, saiu candidato a vice-prefeito de Foz pelo PT.
Até às 16h45 deste domingo, não houve manifestação por parte de Bolsonaro ou do Palácio do Planalto.