"Policial Penal Federal Conservador, Cristão, Bolsonaro Presidente, armas = defesa, Não ao Aborto, Não às Drogas." Essa é a descrição que consta no perfil do Twitter de Jorge José da Rocha Guaranho, que, de acordo com a Polícia Civil de Foz do Iguaçu (PR), é o responsável pela morte do guarda municipal Marcelo Arruda em sua própria festa de aniversário, na noite de sábado.
"Estou sem chão. É uma extrema estupidez eu perder o pai dos meus filhos por um extremismo ridículo", disse a viúva, a policial civil Pâmela Suelen Silva, em entrevista à Globo News.
"Estou sem chão. É uma extrema estupidez eu perder o pai dos meus filhos por um extremismo ridículo", disse a viúva, a policial civil Pâmela Suelen Silva, em entrevista à Globo News.
A Delegacia de Homicídios de Foz do Iguaçu investiga o caso para confirmar a dinâmica do crime e as motivações.
Inicialmente, a polícia informou a morte do agressor, mas a delegada à frente do caso, Iane Cardoso, disse em coletiva de imprensa, na tarde de ontem, que ele está internado em um hospital do município e que seu estado é estável. Até o fechamento desta edição, não houve atualização sobre o estado de saúde do agente.
"O delegado que estava de plantão, ontem, autuou o indivíduo em flagrante delito. Ele está custodiado pela Polícia Militar enquanto recebe auxílio médico", informou a delegada. A Polícia investiga se os dois se conheciam. "Não há histórico de conflito anterior. A informação que a esposa do agente penal deu é que ele (o agressor) era diretor do local em que estava ocorrendo a festa. Por isso, a gente deduz que, talvez, eles se conhecessem, mas tudo é muito recente ainda e a gente tem que apurar", disse ela. Testemunhas que estavam no local e a viúva de Marcelo Arruda negam qualquer relação entre os dois. Segundo Pâmela, antes de trocar tiros com Guaranho, o marido disse: "não sei quem é esse cara".
O secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, disse que o crime pode ter motivação política. "Pelo que a gente percebeu, foi uma intolerância política", declarou.
O assassinato
Imagens de câmera de segurança captaram o momento em que o guarda municipal Marcelo Arruda é assassinado pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho. No vídeo, ao qual o Correio Braziliense teve acesso, Arruda corre para dentro do salão de festas e tenta se proteger embaixo de uma das mesas, já com uma arma na mão. Jorge José chega logo depois e dispara um tiro contra o petista. Em seguida, Marcelo reage e atira diversas vezes na direção de Jorge, que cai no chão e é agredido por outras pessoas. Antes da troca de tiros, Jorge teria gritado "aqui é Bolsonaro", segundo relatos de testemunhas registrados no Boletim de Ocorrência. Marcelo comemorava o aniversário de 50 anos, em festa temática do PT. O crime aconteceu às 23h40 de sábado e o BO foi registrado minutos depois da meia-noite.
Segundo a mulher de Marcelo, Pamela Suelen Silva, a festa estava próxima do fim e havia por volta de 15 pessoas quando o policial penal invadiu o local. "É uma extrema estupidez tudo isso que aconteceu", disse, abalada. Ainda de acordo com ela, a mulher do agressor e um bebê, filho dele, estavam dentro de um carro e presenciaram o momento em que o homem grita palavras de apoio ao presidente Bolsonaro.
A comemoração ocorria na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu. Boletim de Ocorrência registrado na Polícia Civil do Paraná relata que o bolsonarista chegou ao local de carro e desceu armado, gritando "aqui é Bolsonaro!", e foi embora. Cerca de 20 minutos depois ele retornou sozinho, ainda armado. Guaranho atirou duas vezes contra Marcelo Arruda, que revidou e baleou o policial penal. Ainda de acordo com o BO, ninguém na festa conhecia o bolsonarista, que não foi convidado.
Carreira política
Marcelo havia se candidatado a vice-prefeito da cidade pelo PT, em 2020, e era diretor do Sindicato de Servidores Públicos do município, além de tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu. Ele deixa mulher e quatro filhos.
A prefeitura de Foz do Iguaçu, o Sindicato dos Servidores Municipais do município e Câmara Municipal divulgaram notas para lamentar a morte do guarda municipal.(Colaborou Thays Martins)