Jornal Estado de Minas

JUIZ DE FORA

Bolsonaro sobre investigação da facada: 'Não tenho ascendência sobre a PF'

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve pela primeira vez depois da facada em Juiz de Fora, Zona da Mata, nesta sexta-feira (15/7). Durante coletiva de imprensa, ao falar sobre o caso, o chefe do Executivo federal disse não ter "ascendência sobre a Polícia Federal”.

Ao ser questionado sobre o episódio de 2018, o presidente relembrou os momentos que viveu na Santa Casa. Bolsonaro relatou não ter muitas memórias na Casa e que só acordou no avião UTI da Aeronáutica. 

"É uma coisa que a gente nunca espera que aconteça com você. A gente estar no meio do povo… e acontecer algo assim. Muitos me perguntam 'quem foi o responsável?', bem… temos o assassino, com três advogados, com condições, temos palavras de alguns, temos pessoas que usam o nome do Adélio e tantas e tantas evidências", relatou o presidente.




Para o presidente, ainda existe muita coisa para se investigar. "As coisas são complicadas no Brasil. Eu não tenho ascendência sobre a Policia Federal. Me acusam de interferir o tempo todo… eu não tenho nada, não acho nada. Mas, vocês aqui, acreditam em Deus? E na mão de vocês, minha vida foi salva", disse aos médicos da Santa Casa.

Ainda segundo o presidente, ele só sobreviveu porque Deus o ajudou. "Não foi sorte."

"E não é mais minha vida apenas né? É a história do Brasil. Me tornei presidente. E não é fácil ser presidente e tentar mudar alguma coisa. Ao longo de décadas, o Brasil caminhou para a esquerda em um caminho que pareceu que não tinha como mais voltar à normalidade. Vocês não sabem a dificuldade que eu tive", afirmou. 

O presidente ainda relatou ter "feito o possível" para ajudar o país. "Errei em algumas escolhas, eu sei", disse.

Interferência na PF


O presidente Jair Bolsonaro foi acusado de interferir na PF duas vezes.





Em 2020, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, logo após deixar o cargo, acusou Bolsonaro de interferir na gestão da PF ao pressioná-lo para trocar o então diretor-geral da corporação Mauricio Valeixo e o chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Depois, o presidente foi acusado de interferir nas investigações que apuram o esquema de corrupção dentro do Ministério da Educação. 

A acusação aconteceu depois que o ex-ministro Milton Ribeiro foi preso em uma operação da Polícia Federal que o envolvimento dele em um esquema para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em áudios divulgados pela imprensa, o ex-chefe do MEC afirmou priorizar pastores aliados e ainda citou que o favorecimento era um pedido expresso do presidente da República.





Em outra gravação, ele relata à própria filha que foi avisado por Jair Bolsonaro sobre a busca e apreensão da PF. Segundo ele, o presidente disse ter um “pressentimento” de que o aliado seria alvo da polícia.

Relembre

Bolsonaro ficou internado na Santa Casa de Juiz de Fora entre a tarde de 6 de setembro de 2018 e a manhã do dia seguinte, quando foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP).

O então presidenciável chegou à casa de saúde após ser atingido no abdômen por Adélio Bispo de Oliveira, que acompanhava seu périplo pelas ruas da cidade da Zona da Mata. O golpe gerou perfurações no intestino grosso e no intestino delgado, bem como na artéria mesentérica, responsável por levar sangue ao intestino.

Segundo Bolsonaro, o ataque a faca é a causa de suas recentes internações. Em janeiro deste ano, por exemplo, o chefe do Executivo ficou dois dias hospitalizado por causa de uma obstrução intestinal.





Em 2019, o presidente da República recebeu, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), o médico Paulo Gonçalves de Oliveira Júnior, chefe da equipe que o recebeu no hospital em Juiz de Fora.

O senador Carlos Viana, pré-candidato do PL ao governo de Minas Gerais, acompanhou o presidente na viagem a Juiz de Fora. Apesar de afirmar que quer ser o palanque de Bolsonaro no estado, o parlamentar tem encontrado resistência interna, pois parte dos deputados liberais desejam apoiar a reeleição de Romeu Zema (Novo).

As investigações

Adélio Bispo está preso em uma penitenciária de Campo Grande (MS). Por duas vezes, a Polícia Federal concluiu que o homem agiu sozinho. Em novembro passado, no entanto, o inquérito a respeito do caso foi aberto.

Bolsonaro visitou Juiz de Fora menos de uma semana após Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), ser morto a tiros pelo bolsonarista Jorge José Guaranho. Na terça-feira, ele conversou por videoconferência com familiares de Arruda.  Ele chegou a sugerir aos parentes a marcação de uma coletiva de imprensa a fim de elucidar o caso>

"A ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade. Não é a esquerda ou a direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo", falou, no início da semana.