Ao ser questionado sobre o episódio de 2018, o presidente relembrou os momentos que viveu na Santa Casa. Bolsonaro relatou não ter muitas memórias na Casa e que só acordou no avião UTI da Aeronáutica.
"É uma coisa que a gente nunca espera que aconteça com você. A gente estar no meio do povo… e acontecer algo assim. Muitos me perguntam 'quem foi o responsável?', bem… temos o assassino, com três advogados, com condições, temos palavras de alguns, temos pessoas que usam o nome do Adélio e tantas e tantas evidências", relatou o presidente.
Para o presidente, ainda existe muita coisa para se investigar. "As coisas são complicadas no Brasil. Eu não tenho ascendência sobre a Policia Federal. Me acusam de interferir o tempo todo… eu não tenho nada, não acho nada. Mas, vocês aqui, acreditam em Deus? E na mão de vocês, minha vida foi salva", disse aos médicos da Santa Casa.
Ainda segundo o presidente, ele só sobreviveu porque Deus o ajudou. "Não foi sorte."
"E não é mais minha vida apenas né? É a história do Brasil. Me tornei presidente. E não é fácil ser presidente e tentar mudar alguma coisa. Ao longo de décadas, o Brasil caminhou para a esquerda em um caminho que pareceu que não tinha como mais voltar à normalidade. Vocês não sabem a dificuldade que eu tive", afirmou.
O presidente ainda relatou ter "feito o possível" para ajudar o país. "Errei em algumas escolhas, eu sei", disse.
Interferência na PF
O presidente Jair Bolsonaro foi acusado de interferir na PF duas vezes.
Em 2020, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, logo após deixar o cargo, acusou Bolsonaro de interferir na gestão da PF ao pressioná-lo para trocar o então diretor-geral da corporação Mauricio Valeixo e o chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Depois, o presidente foi acusado de interferir nas investigações que apuram o esquema de corrupção dentro do Ministério da Educação.
A acusação aconteceu depois que o ex-ministro Milton Ribeiro foi preso em uma operação da Polícia Federal que o envolvimento dele em um esquema para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em áudios divulgados pela imprensa, o ex-chefe do MEC afirmou priorizar pastores aliados e ainda citou que o favorecimento era um pedido expresso do presidente da República.
Em outra gravação, ele relata à própria filha que foi avisado por Jair Bolsonaro sobre a busca e apreensão da PF. Segundo ele, o presidente disse ter um “pressentimento” de que o aliado seria alvo da polícia.
Relembre
Bolsonaro ficou internado na Santa Casa de Juiz de Fora entre a tarde de 6 de setembro de 2018 e a manhã do dia seguinte, quando foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP).
O então presidenciável chegou à casa de saúde após ser atingido no abdômen por Adélio Bispo de Oliveira, que acompanhava seu périplo pelas ruas da cidade da Zona da Mata. O golpe gerou perfurações no intestino grosso e no intestino delgado, bem como na artéria mesentérica, responsável por levar sangue ao intestino.
Segundo Bolsonaro, o ataque a faca é a causa de suas recentes internações. Em janeiro deste ano, por exemplo, o chefe do Executivo ficou dois dias hospitalizado por causa de uma obstrução intestinal.
Em 2019, o presidente da República recebeu, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), o médico Paulo Gonçalves de Oliveira Júnior, chefe da equipe que o recebeu no hospital em Juiz de Fora.
O senador Carlos Viana, pré-candidato do PL ao governo de Minas Gerais, acompanhou o presidente na viagem a Juiz de Fora. Apesar de afirmar que quer ser o palanque de Bolsonaro no estado, o parlamentar tem encontrado resistência interna, pois parte dos deputados liberais desejam apoiar a reeleição de Romeu Zema (Novo).
As investigações
Adélio Bispo está preso em uma penitenciária de Campo Grande (MS). Por duas vezes, a Polícia Federal concluiu que o homem agiu sozinho. Em novembro passado, no entanto, o inquérito a respeito do caso foi aberto.
Bolsonaro visitou Juiz de Fora menos de uma semana após Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), ser morto a tiros pelo bolsonarista Jorge José Guaranho. Na terça-feira, ele conversou por videoconferência com familiares de Arruda. Ele chegou a sugerir aos parentes a marcação de uma coletiva de imprensa a fim de elucidar o caso>
"A ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade. Não é a esquerda ou a direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo", falou, no início da semana.
"A ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade. Não é a esquerda ou a direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo", falou, no início da semana.