O presidente Jair Bolsonaro voltou ontem a Juiz de Fora, na Zona da Mata, quatro anos depois de ser vítima de facada, em 6 de setembro de 2018, durante a campanha presidencial. Ele disse que “continua arriscando a vida” no “meio do povo”. Durante a passagem pela Santa Casa, onde foi atendido pela primeira vez depois do ataque, Bolsonaro se encontrou com médicos e chorou durante pronunciamento: “Quis o destino que eu sobrevivesse. Graças a Deus, que deu minha vida a vocês. O que eu mais pedia, durante o período em que acordei, foi que minha filha de sete anos não ficasse órfã”, disse em menção a Laura, sua filha caçula, que hoje tem 11 anos. Segundo ele, “a mão de Deus” o fez sobreviver ao golpe. "Pelo que sei, minha memória não traz recordações aqui dentro (do hospital). Cheguei praticamente desfalecido. Acordei em um avião UTI, no aeroporto", afirmou, ao se lembrar do momento de sua transferência para São Paulo (SP).
“Continuo arriscando minha vida por aí, no meio do povo. Muitos falam 'tome cuidado', mas não sou presidente de forma voluntária. Tenho de estar no meio do povo — e estive no meio do povo mesmo durante a pandemia. Não deixei de estar no meio do povo", disse o presidente. "É uma coisa que a gente nunca espera que aconteça com você. A gente estar no meio do povo… e acontecer algo assim. Muitos me perguntam 'quem foi o responsável?', bem… temos o assassino, com três advogados, com condições, temos palavras de alguns, temos pessoas que usam o nome do Adélio e tantas e tantas evidências", relatou o presidente.
Ainda segundo o presidente, ele só sobreviveu porque Deus o ajudou. "Não foi sorte." “E não é mais minha vida apenas. É a história do Brasil. Me tornei presidente. E não é fácil ser presidente e tentar mudar alguma coisa. Ao longo de décadas, o Brasil caminhou para a esquerda em um caminho que pareceu que não tinha como mais voltar à normalidade. Vocês não sabem a dificuldade que eu tive", afirmou. Bolsonaro disse ainda que tem “feito o possível” para ajudar o país. “Errei em algumas escolhas, eu sei”, disse.
Bolsonaro recebeu em Juiz de Fora o título de cidadão honorário. A concessão da homenagem foi aprovada ainda em 2018, quando ele sofreu a facada. Os articuladores da homenagem foram o deputado federal Charlles Evangelista (PP) e a deputada estadual Delegada Sheila (PL). À época, eles eram vereadores do município. "Agora eu sou mineiro, uai", disse o presidente, ao receber a placa, em momento reservado, mas ainda no aeroporto da cidade. Charlles Evangelista afirmou ter a certeza de que Bolsonaro é "o melhor presidente da história do Brasil". "Não temos dúvida de que ele adotou Juiz de Fora como sua terra natal. Estava faltando a certidão de nascimento, que é o título de cidadão honorário", afirmou.
Bolsonaro foi acompanhado na cidade por uma comitiva que incluía o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; o senador Carlos Viana, pré-candidato do PL ao governo de Minas Gerais; o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, pré-candidato liberal ao Senado; o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira e o deputado estadual Bruno Engler, ambos do PL.