Após as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o processo eleitoral brasileiro e as acusações de fraude nas eleições de 2014 e 2018, colocando em dúvida as urnas eletrônicas em uma emissora pública, a TV Brasil, o Chefe do Executivo não cometeu crime eleitoral. Contudo, o presidente abusou do poder político ao usar o meio de comunicação para disseminar falsas informações, as quais o favorece. Essa é a avaliação do advogado especialista em Direito Penal Paulo Crosara.
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General Santos Cruz sobre fala de Bolsonaro a embaixadores: 'Vergonha'Washington Post: 'Bolsonaro se reuniu com embaixadores para semear dúvidas'Ataques às urnas eletrônicas: Senador Randolfe vai ao TSE contra BolsonaroBolsonaro sobre vídeo que simula atentado: 'Imagina se fosse com o Lula?'Ainda que o presidente declare informações falsas, as falas de Bolsonaro não podem ser consideradas um crime eleitoral, ocasionando na cassação do presidente ou na inelegibilidade - quando um candidato não tem condições de ser eleito. Contudo, a prática pode ser considerada abuso de poder, explica Paulo Crosara.
De acordo com o advogado, as declarações do presidente nas quais indicam que ele não irá reconhecer o resultado das eleições de 2022, implicam uma ameaça ao estado democrático de direito, que consiste em impedir ou restringir o exercício dos poderes constitucionais. "Não é crime eleitoral, mas é crime, contra as instituições democráticas. Está inviabilizando o trabalho da Justiça Eleitoral", afirma.
"As afirmações de Bolsonaro podem redundar em crimes eleitorais. Se nos dias das eleições, pessoas incentivadas por ele invadem seções, impedem o voto, isso tudo é crime eleitoral. Então ele pode responder por crimes eleitorais se isso acontecer, nas eleições", explica o especialista.
Conforme o especialista, quando o presidente utiliza da TV Brasil, que é pública, para disseminar informações falsas, o que o "favorece", a conduta de Bolsonaro configura como abuso de poder político.
"Pode levar à cassação da chapa. Pode ter a candidatura cassada por abuso de poder político e uma consequência eleitoral. Quando o Presidente da República expõe o país, coloca em xeque o sistema eleitoral, e fala que não vai reconhecer, ele está fazendo uma grave ameaça, ameaçando o estado democrático de direito", diz o advogado.