A deputada estadual Rosângela Reis (PL) chamou a Polícia Militar na noite desta terça-feira, na sede do seu próprio partido, em Belo Horizonte, após acusar o diretório estadual do PL de fraude e violência política. Segundo a deputada, o partido quer retirar o seu nome do páreo à reeleição para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), já que isso poderia “atrapalhar” outros candidatos a garantirem sua cadeira na Câmara Estadual.
Um vídeo divulgado pela própria deputada mostrava a sede do Partido Liberal de Belo Horizonte, com cartazes em prol da candidatura de mais mulheres pela sigla. Em um deles, Rosângela Reis questiona os dizeres de que as mulheres têm voz dentro do partido, sendo que ela mesma não foi informada oficialmente de que não estaria presente na chapa registrada na convenção de hoje (20), para tentar a reeleição ao legislativo estadual.
Rosângela se filiou ao PL no último dia de janela partidária, 1º de abril deste ano. Também era filiada do MDB, mas posteriormente afirmou ter sido um erro e saiu, escolhendo se firmar apenas com o Partido Liberal para compor a chapa que iria disputar as cadeiras na ALMG.
De acordo com os assessores da deputada, Rosângela não teve uma boa recepção ao chegar ao PL, já que os outros candidatos, muitos puxados pela filiação do presidente Jair Bolsonaro ao partido, alegaram que o fato de ela ter chegado depois poderia prejudicar o desempenho eleitoral de quem estava no partido há mais tempo. Em 2018, a parlamentar recebeu 70.040 votos e tem uma base sólida na região do Vale do Aço. O partido deseja que ela dispute o pleito para a Câmara Federal.
Rosângela Reis ainda acusa o PL de burlar o critério que estabelece, ao menos, 30% de candidaturas femininas para cada partido. Documentos mostrados pelo gabinete da parlamentar mostram que o PL colocou na chapa candidatas com pouca expressão, que em eleições passadas tiveram poucos votos, apenas para cumprir com a lei eleitoral.
"Esse é um ato claro de violência política contra a mulher e, além disso, uma fraude no processo eleitoral. Dificilmente os partidos conseguem preencher a cota de 30%. E, agora, o diretório articulou para preencher vagas femininas com candidatas fictícias. O que o partido está fazendo é um ato de violência contra a mulher. Estou sendo ameaçada por homens que não aceitam mulheres em posição de liderança. Estão querendo calar uma voz feminina", afirmou a parlamentar em nota.
Questionados se a deputada foi pega de surpresa em relação ao desejo do partido de não inseri-la como candidata às cadeiras da ALMG, os assessores da parlamentar afirmaram que ela previa que isso iria acontecer, mas que não ficou sabendo oficialmente pelo PL. Somente ontem (19), quando teve acesso ao requerimento de registro de chapa eleitoral, ela verificou que uma das fichas não tinha o seu nome inscrito como candidata a deputada estadual.
O gabinete de Rosângela afirmou que irá aguardar a convenção de hoje para verificar os nomes decididos pelo partido para o pleito. Caso o dela não esteja presente, ela irá recorrer à Justiça, solicitando a anulação da convenção.
"Não vou parar de lutar! Qual crime eu cometi? Estão querendo me punir pela minha quantidade de votos? Por ter meu mandato reconhecido pelo eleitorado mineiro? Quero unicamente ter o direito de ser julgada nas urnas e deixar para a população mineira avaliar e decidir sobre a continuidade da minha vida pública", ressaltou.
Em nota, o Partido Liberal afirmou que a inscrição do nome da pré-candidata Rosângela Reis está garantido para disputar uma vaga para Deputada Estadual. Mas que caberá à convenção partidária a escolha dos nomes dos seus candidatos e candidatas e que essa decisão deverá ser respeitada pelo PL.