Carta fora do baralho da disputa pela Presidência da República, o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), que luta agora para viabilizar sua candidatura ao Senado pelo Paraná, usou o Twitter na manhã deste sábado citando uma palavra que fez história na boca de um marechal da ditadura militar no Brasil (1964/1985).
“PT e Lula de volta jamais. Eu desmontei a corrupção dos governos do PT e executei a prisão do Lula. O resto é mentira da turma das fake news e das vivandeiras da corrupção”, postou o ex-juiz, que ganhou fama nacional por sua atuação na Operação Lava-Jato e, também, como ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A fala de Moro ocorre um dia depois de o então pré-candidato à Presidência pelo seu partido, Luciano Bivar desistir da disputa para um possível apoio à chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
PT e Lula de volta jamais. Eu desmontei a corrupção dos Governos do PT e executei a prisão do Lula. O resto é mentira da turma das fake news e das vivandeiras da corrupção.
%u2014 Sergio Moro (@SF_Moro) July 30, 2022
O que também chamou a atenção no tuíte do ex-juiz é justamente o vocábulo vivandeiras, cujo significado é, conforme dicionários, aquele (a) que comercializa ou leva mantimentos, seguindo tropas em marcha, providenciando o que os soldados necessitam. Ou, ainda, civil que opina em questões militares, embora não tenha conhecimento sobre este assunto, dando palpites desprovidos de fundamento.
Registro da ditadura
De acordo com o renomado articulista político Elio Gaspari, autor de uma série de livros sobre a ditatura militar no Brasil, em artigo na Folha de S. Paulo, datado de 22 de dezembro de 1999, “essa expressão (vivandeiras) foi trazida ao vocabulário político brasileiro pelo marechal Humberto Castello Branco, em agosto de 1964, no auditório da Escola de Comando e Estado Maior do Exército”.
E continua o articulista em seu resgate da memória política do País: “Reclamando dos civis que chamavam seu governo de militarista, disse (Castelo Branco) o seguinte: 'Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar'".
Manifesto pela democracia
Outro fato que chama a atenção também nesse tuíte de Moro é a coincidência de acontecer na semana que a sociedade civil organizada assina uma carta em defesa da democracia. A inciativa ocorreu após reiteradas ameaças ao estado democrático de direito desferidos pelo atual mandatário do Palácio do Planalto.
A mais recente ocorreu no Palácio do Planalto, em reunião convocada pelo presidente Jair Bolsonaro com embaixadores estrangeiros sediados no Brasil. Na ocasião, Bolsonaro, voltou a colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas usadas no país para aferição do voto popular em disputas eleitorais.
Disputa eleitoral
Após deixar o ministério da Justiça e Segurança Pública, depois de desavenças com Bolsonaro por causa do poder de mando na Polícia Federal, Moro tentou se viabilizar candidato a presidente República pelo Podemos.Após a tentativa frustrada deixou o Podemos e se filiou ao União Brasil – fusão dos DEM com o PSL, esse último penúltimo partido de filiação de Bolsonaro-, onde também já margou outro fracasso. Ele não conseguiu fixar domicílio eleitoral em São Paulo, por onde gostaria de ter se candidatado ao Senado. A Justiça Eleitoral amargou a ambição de Moro.
Ele, agora, tenta se manter à tona no jogo político para emplacar sua candidatura ao Senado, porém tem como concorrente o senador Álvaro Dias (Podemos), seu padrinho para entrar na política.
De acordo com a maioria das pesquisas eleitorais, Moro segue atrás de Dias na intenção de votos dos paranaenses, que aponta uma disputa apertada entrre os dois candidatos. Porém, pesa contra Moro a rejeição ao seu nome, aferida pelos levantamentos até aqui publicados, e que superam a desaprovação do eleitorado a Álvaro Dias.