"Sou, primeiro, Jesus Cristo, mas sou Bolsonaro. Estou com ele. Ele está me abraçando e vou abraçá-lo. Se tem uma coisa que não sou, é traíra. Se ele está estendendo a mão a mim, vou ser grato a ele", disse. "Uma coisa que sempre tive foi lado", emendou.
A convenção do PSC, que deve ratificar Cleitinho no páreo pelo Senado, vai ocorrer na sexta-feira (5). Antes do apoio vindo do Planalto, o deputado trabalhava por uma candidatura independente. Na semana passada, também ao EM, ele chegou a dizer que não apoiaria postulantes a outro cargo sem que houvesse reciprocidade. Ao tratar de Bolsonaro, no entanto, o deputado adota lógica distinta.
"Votei nele em 2018 e iria votar nele novamente. Esta eleição é Bolsonaro ou Lula. Iria vestir a camisa do Bolsonaro. Com todo respeito a quem vota no Lula (PT) e a ele, mas acho que Lula já teve sua oportunidade e não deve voltar a ser presidente. Bolsonaro tem que continuar", explicou.
Na mais recente pesquisa do Instituto F5 Atualiza Dados, Cleitinho aparece com 12,7% das intenções de voto para o Senado, ante 9,2% de Alexandre Silveira (PSD). O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob os números MG-09704/2022 e BR-05714-2022.
União Cleitinho-Bolsonaro tem a participação de Viana
O endosso de Bolsonaro a Cleitinho foi sacramentado ontem, durante reunião política em Brasília (DF). O deputado não participou, mas recebeu uma ligação do presidente para alinhar o acordo.A ideia é que Cleitinho dispute a vaga de senador pela chapa liderada por Carlos Viana, candidato do PL ao governo mineiro. A coalizão terá, ainda, o União Brasil, responsável por indicar o vice, e o Republicanos, legenda da base aliada ao Palácio do Planalto. Em prol da costura, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL) retirou sua pré-candidatura ao Senado.
Em que pese a simpatia de Bolsonaro a Cleitinho, o PSC tendia a apoiar a reeleição do governador Romeu Zema (Novo). Hoje, o deputado estadual afirmou que não sabe se sua legenda abandonará o plano inicial em prol de se juntar a Viana ou se sua candidatura será apresentada de forma avulsa, com o presidente da República dando apoio informal.
Segundo Cleitinho, os detalhes sobre o formato da aliança estão sendo tocados pelo deputado federal Euclydes Pettersen, presidente do PSC no estado. O deputado estadual Noraldino Júnior, responsável pela articulação que levou Cleitinho à agremiação, também deve ter influência na estruturação do acordo.
"Não estou participando desses detalhes. Recebi a ligação do presidente Bolsonaro me chamando para compor com ele", minimizou Cleitinho.
Ontem, pelas redes sociais, Noraldino, defensor de caminhada conjunta entre o PSC e Zema, se manifestou sobre o tema. "Considero muito precoce o anúncio de coligações partidárias sem a definição concluída", escreveu.
Depois do desabafo, a 'tranquilidade'
No início da semana, Cleitinho publicou um vídeo em tom de desabafo na web. Na gravação, ele insinua que poderia ser vítima de "boicote" do que definiu como "sistema nojento".Na semana passada, o pastor Everaldo Pereira retornou à presidência do PSC após ser afastado do cargo em virtude da prisão ocorrida em 2020. O dirigente foi detido na operação que mirou irregularidades ligadas à saúde pública na gestão de Wilson Witzel, à época governador do Rio e também filiado ao PSC.
Cleitinho, por sua vez, se fia na garantia à sua candidatura ao Senado, dada pela direção estadual do PSC.
"Pastor Everaldo já fez uma comunicação dizendo que quem vai decidir as candidaturas nos estados são os presidentes estaduais. Me tranquilizei", garantiu.
Colega de Assembleia fez 'ponte' com o presidente
Embora Cleitinho seja eleitor de Bolsonaro, a aproximação com o presidente é recente. No fim de junho, eles se encontraram pela primeira vez, durante agenda na capital federal. O bate-papo foi intermediado pelo também deputado estadual Bruno Engler (PL), bolsonarista de primeira hora.Apesar dos ataques feitos pelo presidente às urnas eletrônicas e a figuras do Judiciário, Cleitinho não crê em atitudes golpistas. "Bolsonaro é totalmente democrático. Olha o tanto que o presidente apanha. Não vai ter isso (golpe)", assegurou. "Tenho certeza que ele vai aceitar (o resultado das urnas). Oposição existe - e sempre vai ter", completou.