A reitoria da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) divulgou, nesta terça-feira (9/8), mensagem em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito.
O comunicado enviado à comunidade universitária reitera a carta em defesa da democracia da escola de
Direito da Universidade de São Paulo (USP), que será lida em 11 de agosto.
“O pavor da democracia é o medo agônico da liberdade como valor fundamental e das pluralidades que ela suscita e que tornam as sociedades mais fortes e humanizadas, por que menos bárbaras”. E assinala que “é hora, acima de tudo, de trazer de volta à cena o Brasil da gentileza, da solidariedade, da justiça, da paz e da alegria de viver”, diz o texto.
Apesar de defender o sistema eleitoral, a carta não cita o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem feito reiterados ataques às urnas e ao Estado Democrático de Direito.
Leia, abaixo, a íntegra do comunicado:
"A defesa fundamental da democracia
A Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no estrito cumprimento de seu dever de formar e educar, faz coro, neste marcante e histórico dia 11 de agosto, às muitas centenas de milhares de vozes dos mais variados setores da vida nacional, que neste momento bradam em favor da democracia e da irremovível defesa do Estado Democrático de Direito.
Unimo-nos em fé, razão e afeto aos que clamam pela defesa das liberdades individuais e coletivas; à defesa dos brasileiros e brasileiras empobrecidos, famintos, que vivem na miséria; e à construção de um novo e verdadeiro republicanismo, que perceba o Estado como promotor do bem comum de um povo livre, numa sociedade justa, pois democracia é direito a eleições livres, diretas, periódicas, em todos os níveis e, igualmente, direito a emprego, moradia, alimentação, saúde e educação, segurança, cultura, e também direito à liberdade religiosa e ao Estado laico, à vida em todas as suas fases.
É urgente, portanto, defender no Brasil a liberdade de expressão; os ritos próprios dos processos eleitorais, reconhecidos internacionalmente pela sua eficiência e transparência; defender a plenitude das Instituições, que são o porto seguro, onde devem desembocar as divergências, dissensos e conflitos, tão próprios da vida democrática.
O ódio à democracia é o ódio à diversidade, constitutiva da nossa identidade nacional, à inteligência e à dignidade humana. O pavor da democracia é o medo agônico da liberdade como valor fundamental e das pluralidades que ela suscita e que tornam as sociedades mais fortes e humanizadas, por que menos bárbaras.
Que trabalhemos todos, diuturnamente, iluminados pelo entendimento da política como arte do encontro e como a mais alta forma de caridade, como tem nos ensinado o Papa Francisco. É hora, acima de tudo, de trazer de volta à cena o Brasil da gentileza, da solidariedade, da justiça, da paz e da alegria de viver.
Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Reitor da PUC Minas
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte"