A Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) aderiu ao manifesto de leitura simultânea da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” marcado para esta quinta-feira (11/8), às 11h30. O local escolhido para o ato é a escadaria da Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que fica dentro do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS).
A leitura pública da carta no ICHS, em Mariana, cidade berço da civilização mineira, foi escolhida por ser a primeira casa de instrução de ensino de Minas Gerais e representar o espírito da comunidade acadêmica da UFOP, é o que diz o professor do Departamento de História e diretor do ICHS, Mateus Henrique de Faria Pereira.
O diretor afirma que toda a comunidade ouro-pretana e marianense estão convidadas a participar do ato que tem a parceria do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas - ICSA/UFOP, que juntos constituem o campus Mariana da UFOP, e também pela Academia Marianense de Letras, Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil e Federação das Associações de Moradores de Mariana –Feamma.
Momento histórico
O professor do Departamento de História conta que o ato simultâneo nas universidades remonta um momento histórico vivenciado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, também em um 11 de agosto, há 45 de anos.
“Era 1977 e o Brasil vivia uma experiência ditatorial. Como gesto corajoso e reclamando a defesa do Estado de Direito, o célebre professor Goffredo da Silva Telles Junior fez a leitura de uma carta que defendia o Estado de Direito, bem como os princípios da normalidade democrática e um fim para o período de exceção”.
O professor relembra que a Ufop sofreu diversas repressões durante o período da ditadura militar e por meio de um trabalho feito pelo Departamento de História da Ufop foi elaborado um documento da Comissão da Verdade que relata diversas violações de direitos humanos tanto na região dos Inconfidentes quanto dentro da Ufop.
“Não queremos que esse período volte, a educação pública no Brasil vem sofrendo ataques constantes dos governos do Temer e do Bolsonaro com perdas significativas de mais de 50% dos recursos e com essa deterioração prejudica mais fortemente a permanência dos alunos vulneráveis e realizações de ações estruturais do dia a dia. E caso rompa o Estado Democrático de Direito só vai se agravar, somada à perseguição política da perseguição da liberdade de pensamento, justamente pela universidade ser um espaço que se caracteriza pela elaboração do pensamento crítico”.