O próximo presidente da República precisa ter atenção com a série de problemas referentes à Amazônia nos últimos anos, sobretudo o tráfico de animais, o desmatamento e a exploração ilegal de madeira. É o que indica uma pesquisa encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) ao PoderData e feita junto a 3 mil eleitores de 312 cidades de todo o país entre 28 e 30 de julho.
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A pior avaliação do desempenho do governo federal no combate à violência na Amazônia foi observada exatamente nos estados da região Norte: 69% disseram que o governo não está trabalhando para combater crimes na região, contra apenas 9% de avaliação positiva.
O tráfico de drogas foi apontado por 39% dos eleitores como o crime que mais prejudica a floresta e suas populações. Em seguida aparecem a grilagem de terras, com 17%, e o garimpo ilegal, com 13%. A corrupção (9%), a exploração ilegal de madeira (8%) e o tráfico de animais (4%) também foram destacados.
“Qualquer projeto de desenvolvimento para a Amazônia deve considerar a necessidade de recuperar os territórios das mãos das facções e milícias, prevenir a violência e enfrentar o crime, o que, para a população, não está sendo feito pelo governo. Assim, não há investimento socioambiental que dê conta”, destaca o sociólogo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O índice de eleitores que querem ver a proteção da Amazônia como prioridade do governo federal cresceu cinco pontos percentuais no comparativo com o levantamento anterior, feito entre 3 e 5 de junho. Para 16%, a proteção à floresta não deve ser prioridade.
Uma parcela de 49% considerou ruim ou péssima a atuação do governo federal na proteção da Floresta, um ponto percentual a mais do que na pesquisa anterior.
O índice dos que consideram essa atuação ótima ou boa caiu de 19% para 15%. Na Região Norte, o governo tem o menor índice de ótimo e bom na proteção da floresta, apenas 7%, e o maior índice de ruim e péssimo: 45%.
Imagem no exterior
Em relação à pesquisa anterior, o índice dos que acham a preservação da floresta é “muito importante” para a imagem do Brasil no exterior avançou de 41% para 44%. Já o percentual que considera “mais ou menos importante” cresceu de 25% para 29%, enquanto os que consideram “pouco importante” se manteve em 12%. Aqueles que consideram que o cuidado com o bioma “não é importante” caiu de 9% para 8%.
Segundo Marilene Corrêa, doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e coordenadora do Laboratório de Estudos Interdisciplinares da Amazônia na Universidade Federal do Amazonas, os últimos episódios evidenciaram a importância de maior cuidado com a preservação ambiental do local.
“Todos sabem que pecuária, garimpo, soja, contaminação dos rios, tudo isso agride e não se torna fonte de desenvolvimento. Após tantas frustrações, a proteção da Floresta precisa se impor à agenda do desenvolvimento, com aproveitamento inteligente dos recursos naturais”, diz Marilene.
Ela também demonstra preocupação com o crescimento do crime. “O modelo predador e a falta de mecanismos de comando e controle estimularam as forças primitivas de acumulação de riqueza, que não usam a tecnologia nem a sabedoria tradicional, só a força para saquear e matar.”