Belo Horizonte e Juiz de Fora - Embora seja o candidato de Jair Bolsonaro (PL) ao governo de Minas Gerais, o senador Carlos Viana (PL) não discursou durante o ato que abriu a campanha do presidente à reeleição, nesta terça-feira (16/8), em Juiz de Fora. Viana ajudou a organizar o evento na Zona da Mata mineira, mas o único integrante do palanque majoritário de Bolsonaro em Minas a empunhar o microfone foi Cleitinho Azevedo (PSC), postulante ao Senado.
Como mostrou o Estado de Minas no domingo (14), havia expectativa por uma fala de Viana, ainda que os detalhes do ato estivessem sendo definidos. O staff do candidato ao governo afirmou que a decisão do senador de não discursar no comício foi tomada para permitir que, no trio elétrico instalado da Rua Halfeld, Bolsonaro tivesse prioridade para falar.
Antes do ato público, porém, o presidente ganhou as bênçãos de lideranças religiosas no Aeroclube de Juiz de Fora. Lá, Viana teve a palavra. "Quero servir (a Minas Gerais) com muita fidelidade e responsabilidade", afirmou.
Além de Cleitinho, o bolsonarismo mineiro foi representado, na lista de oradores do comício, por Nikolas Ferreira (PL), vereador de Belo Horizonte. Candidato a deputado federal, ele, inclusive, participou de uma audiência judicial enquanto batia ponto, sem capacete, da motociata que recepcionou Bolsonaro em solo juiz-forano.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou aos presentes. Falaram, ainda, Walter Braga Netto (PL), candidato a vice-presidente, e Daniel Silveira, candidato ao Senado pelo PTB do Rio de Janeiro, mas sem o mandato de deputado federal após incentivar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e demonstrar simpatia a atos antidemocráticos.
Cleitinho promete ser leal a Bolsonaro
Durante parte do tempo em que falou aos bolsonaristas presentes ao comício, Cleitinho recorreu a metáforas bíblicas. Ele também prometeu lealdade ao presidente da República, que resolveu apoiar sua candidatura ao Senado em detrimento aos planos do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), que desejava concorrer ao posto.
"Para mim, a maior virtude que o presidente tem é que ele é um homem temente a Deus. O profeta disse: 'acalmem-se, o que está com nós é maior do que está com eles'. Nós somos a maioria", falou o deputado do PSC. "Presidente Bolsonaro, o senhor estendeu a mão para mim. Vou estender as duas mãos ao senhor. Vou honrar quem me honra. Pode ter certeza que vou te honrar e não vou te trair", emendou.
Palanque montado após conversas com Zema
Embora tenha se filiado ao PL no início de abril com status de pré-candidato ao governo, Carlos Viana só foi confirmado no páreo há duas semanas, quando o entorno de Bolsonaro esgotou as possibilidades de acordo com Romeu Zema (Novo) já no primeiro turno. Diante da postura do atual governador de reafirmar lealdade a Felipe d'Avila, presidenciável de seu partido, os liberais, então, construíram um palanque próprio.
A coligação em torno de Viana tem, ainda, o PRTB e o Republicanos. O PSC, embora tenha permitido a candidatura de Cleitinho ao Senado, optou por apoiar informalmente Zema. Cleitinho, por sua vez, foi autorizado pela legenda a trabalhar em prol de Viana.
Ontem, pesquisa Ipec apontou que Viana tem 5% das intenções de voto, ante 40% de Zema e 22% de Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número MG%u201002868/2022.