Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e o atual chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL) se encontraram na noite desta terça-feira (16/8). Eles acompanham a posse de Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Este é o primeiro encontro oficial de Dilma e Temer desde o impeachment da ex-presidente, em 2016, quando ele assumiu a Presidência da República. Os dois se sentaram na primeira fileira do evento, a poucas cadeiras de distância e não foi registrado nenhum cumprimento. Ao lado de Dilma está José Sarney, presidente do Brasil de 1985 a 1990. À direita dele está Lula e, então Michel Temer.
Esta também é a primeira vez que Lula e Bolsonaro, principais adversários nas eleições presidenciais deste ano, se encontram presencialmente. O petista está na primeira fileira, de frente ao presidente, que compõe a mesa.
Dilma e Temer trocam farpas
No fim de julho, Dilma e Temer trocaram farpas após o ex-presidente afirmar que ela é "honestíssima" e que seu processo de impeachment foi decorrente de problemas políticos, como a "dificuldade da petista de se relacionar com o Congresso Nacional e com a sociedade".
"Às vezes falam de corrupção, mas é mentira. Ela (Dilma) é honesta. O que eu sei, e pude acompanhar, embora estivesse à margem do governo e embora fosse vice-presidente, não há nada que possa apodá-la de corrupta. Para mim, honestíssima. Houve problemas políticos. Ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional, teve dificuldade no relacionamento com a sociedade e teve as chamadas 'pedaladas', uma coisa extremamente técnica, decretada pelo Tribunal de Contas da União. Esse conjunto de fatores é que levou multidões às ruas", disse Temer.
A petista chegou a responder seu vice e o chamou de 'golpista'. "O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor", declarou em nota.
"Tal 'dificuldade' era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o "orçamento secreto", realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal", disse.
Posse de Moraes no TSE
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) assume o comando da Corte Eleitoral no lugar de Edson Fachin, que ocupa o posto desde fevereiro. O mandato será de dois anos, sendo Moraes o principal responsável pela condução das próximas eleições.
Entre alguns dos desafios que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) terá de enfrentar no período estão possíveis ataques ao sistema eleitoral em atos no 7 de setembro, a propagação de fake news sobre as urnas eletrônicas, a necessidade de garantir segurança ao eleitor em meio à votação mais tensa em décadas e a ameaça de violência na contestação do resultado das eleições.
Moraes também é a figura do Judiciário que mais entrou em rota de colisão com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e se tornou alvo constante de ofensivas dos apoiadores do presidente.
Na ocasião de sua escolha para comandar o TSE, em 14 de junho, o ministro discursou que a "Justiça Eleitoral não tolerará que milícias pessoais ou digitais desrespeitem a vontade soberana do povo e atentem contra a democracia do Brasil".