O presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ter cometido crime ao fazer uma falsa ligação entre vacinas contra COVID-19 e o desenvolvimento de HIV, o vírus da Aids (síndrome de imunodeficiência adquirida). É o que aponta a Polícia Federal (PF), que solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o depoimento do chefe do Executivo sobre o caso.
Por se tratar de fake news, a PF também apontou a necessidade de serem feitos indiciamentos, conforme informou o G1. No entanto, não foram informados os alvos.
A fala de Bolsonaro foi feita durante uma de suas lives nas redes sociais em 22 de outubro de 2021. Na ocasião, ele leu um trecho de uma notícia da revista Exame que foi publicada em outubro de 2020 com o título "Algumas vacinas contra a COVID-19 podem aumentar o risco de HIV?".
A matéria afirma que pesquisadores estavam preocupados que algumas vacinas que usam um adenovírus específico no combate ao vírus SARS-CoV-2 podiam aumentar o risco de que pacientes sejam infectados com HIV. No entanto, a revista diz que, até aquele momento, "não se comprovou que alguma vacina contra a COVID-19 reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção em caso de exposição ao vírus."
Na live de Bolsonaro, no entanto, o presidente leu apenas um trecho onde diz: “Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados (15 dias após a segunda dose) estão desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto. Não vou ler a matéria completa porque posso ter problema.”
Instagram e Facebook removem a live
Em decisão inédita da plataforma, o Facebook e o Instagram tiraram do ar a live. A redes afirmaram que a exclusão foi feita por identificar o desrespeito das políticas da empresa em relação à vacina da COVID-19.
"Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de COVID-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas", disse o porta-voz do Facebook.
Esta foi a primeira vez que a empresa tirou do ar uma live do presidente. Até então, a companhia havia derrubado apenas um post em que citava o uso de cloroquina para o tratamento de COVID-19.