Lado a lado com Alexandre Kalil (PSD), que concorre ao governo mineiro com o apoio petista, Kalil pediu votos para o aliado, falou em diversificar a economia do estado, acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de ser "fariseu" e afirmou que o pleito deste ano opõe "democracia" e barbárie".
Lula discursou por cerca de 20 minutos em palanque montado na Praça da Estação, no Centro belo-horizontino. Leia abaixo compilado feito pelo Estado de Minas com as principais falas do presidenciável.
Eleição presidencial
Logo no início de sua fala, Lula afirmou que a campanha eleitoral iniciada na última terça-feira (16) não é "comum". "Não estamos fazendo uma campanha normal. Não é uma campanha comum, um partido contra o outro, uma ideia contra a outra. O que está em jogo neste instante é a democracia contra o fascismo; a democracia ou a barbárie", garantiu.
"O que estamos discutindo é se nossos filhos e netos terão um país que garanta a eles a oportunidade de estudar, trabalhar, casar e construir uma família dignamente. O que estamos discutindo é se vamos fazer universidade para todos ou para meia dúzia de privilegiados", completou.
Jair Bolsonaro
Ao tratar de seu principal rival na corrida ao Planalto, Lula recorreu à fé cristã e acusou o atual presidente de não seguir os preceitos bíblicos. Por vários momentos, o petista se referiu a Bolsonaro como "esse cidadão" - por, segundo ele, não querer citar o nome do adversário."É heresia falar o nome de Deus em vão como vem falando esse cidadão de quem não quero falar o nome. Esse cidadão está mais para fariseu do que para cristão", disparou, para depois emendar: "Ele não respeita ninguém. Não respeita mulher, não respeita negro. Não respeitou sequer as 680 mil vítimas da pandemia".
A Bíblia Sagrada dos cristãos foi novamente citada quando Lula pregou respeito às leis. "Devemos olhar a Constituição - e ela deve ser cumprida. Devemos olhar a Declaração Universal dos Direitos Humanos - e ela deve ser cumprida. Devemos olhar a Bíblia - e ela deve ser cumprida".
Promessas
Quando abordou as ideias que tem para o Brasil, Lula prometeu se dedicar a "tentar consertar" a nação. Ele prometeu colocar um indígena no comando da Fundação Nacional do Índio (Funai) e criar um ministério para cuidar de temas ligados aos povos originários e às comunidades tradicionais."Queremos que nossos meninos trabalhem e estudem; não queremos que a mulher continue a ser tratada como objeto de cama e mesa. Queremos que a mulher seja objeto da história e possa fazer o que quiser. E, para isso, ela tem que ganhar o mesmo salário de um homem que faça a mesma função", pediu.
"Queremos dizer não ao racismo. Queremos que o povo negro tenha o direito de ocupar os melhores empregos, as melhores universidades. Por isso, brigamos pelas cotas", defendeu. "Já conseguimos colocar a filha da empregada doméstica para ser doutora na universidade; conseguimos colocar um filho de pedreiro para ser engenheiro; e um filho de coveiro para ser médico, diplomata ou advogado", continuou. "Pobre vai voltar a comer, a trabalhar e a andar de avião. As pessoas vão ser respeitadas naquilo que é essencial", completou.
Aliança com Kalil
O evento serviu, também, para dar cartaz à candidatura de Alexandre Kalil. A gestão do pessedista à frente da Prefeitura de Belo Horizonte foi utilizada por Lula para embasar elogios."Ele (Kalil) já provou. Em Minas Gerais, governo bom não é o que fala "tenho dinheirinho em caixa". Não queremos dinheiro em caixa, mas revertido em educação, saúde, transporte público e infraestrutura. Foi isso que Kalil fez em BH", opinou. "Ele, em seis anos, fez mais do que muita gente em 30 anos".
Ao receber o microfone para falar às milhares de pessoas que o aguardavam, Lula foi sucinto ao falar o que o levou à Praça da Estação. "É por sua causa (Kalil) que eu vim aqui neste comício".
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice de Lula, também foi mencionado. "Alckmin, eu e Kalil não queremos governar o país. Queremos cuidar como uma mãe cuida de seu filho".
Alexandre Silveira (PSD), que concorre à reeleição com o apoio do PT, também ganhou um afago. "É o primeiro dia em que estamos fazendo um ato público podendo pedir voto de verdade. É a estreia da campanha em Minas para que a gente possa, em 2 de outubro, eleger o companheiro Kalil governador. E para que a gente possa eleger Alexandre (Silveira) senador de Minas Gerais. E para que possamos eleger, se vocês quiserem, Lula e Alckmin", assinalou.
Período na prisão
Lula chamou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de golpe, mas não se aprofundou no tema. Ele também comentou o tempo que passou detido em Curitiba (PR)."Até já esqueci das mentiras que contaram contra mim e dos 580 dias que me trancaram na Polícia Federal para não ser eleito presidente em 2018", lembrou. "Eu não tenho nenhuma razão para ter ódio ou raiva. Se eu estivesse com o coração amargo, não seria candidato", assegurou.