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Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro em BH: morador em situação de rua questiona sobre Auxílio Brasil

Vivendo no entorno de espaços nobres de BH, pessoas que trabalham com reciclagem 'agradeceram' pelas garrafas pet e outros materiais deixados em manifestações


24/08/2022 18:55 - atualizado 24/08/2022 20:00

O tatuador Rafael Lucas Costa Martins ao lado de Bruna Ketlen
Tatuador Rafael Lucas Costa Martins ao lado de Bruna Ketlen (foto: Denys Lacerda/EM/D.A. PRESS)
A cidade é do povo e, quanto mais movimentação nas ruas e praças, melhor. Este é o discurso de muitos moradores em situação de rua de Belo Horizonte sobre a presença de centenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta quarta-feira (24/8), na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital.

Vivendo no entorno de espaço mais nobre de BH, homens e mulheres que trabalham com reciclagem "agradeceram" pelas garrafas pet, papelão, plástico e outros materiais deixados em manifestações.

"Quanto mais gente vier, melhor, pois, aí, gera muito material reciclado, e isso é bom para a gente ganhar um dinheiro", disse Coroa, que preferiu dizer o apelido em vez do nome e vive na rua Sergipe quase esquina com a Avenida Brasil, atrás do Centro Cultural Banco do Brasil.

Ao lado de Coroa, o tatuador Rafael Lucas Costa Martins, de 21 anos, disse que as pessoas que moram no local fazem um "serviço importante", que é "manter o espaço sempre limpo".

Ele afirmou ainda que ninguém da prefeitura incomodou os moradores da rua, por se tratar da visita do presidente da República. Há quatro anos no local, Bruna Ketlen declarou que "não curte" Bolsonaro, mas que está "de boa" com a visita à praça.

Catador Evaldo Xavier aparece sem camisa e de bermuda. Atrás dele uma estrutura montada onde se protege da chva e do frio
Catador Evaldo Xavier afirma que vive há 22 anos nas ruas de BH (foto: Denys Lacerda/EM/D.A. PRESS)


Dignidade


Do outro lado da Praça da Liberdade, perto da rua da Bahia com avenida Getúlio Vargas, o catador Evaldo Xavier contou que vive há 22 anos nas ruas de BH. Usando uma sandália novinha em folha, explicou que comprou o calçado com o dinheiro do auxílio. "Será que ano que vem vai ter auxílio de novo? O povo precisa é de "trabalho e dignidade, não de promessas", comentou.

No cenário, o contraste era evidente. Um mar de bandeiras do Brasil e camisas e bonés com o rosto de Bolsonaro tomando conta da Praça da Liberdade, enquanto, do outro, um universo em preto e branco que, entra eleição, sai eleição, ninguém consegue resolver.

Censo


De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, os dados sobre população em situação de rua na capital são extraídos do Cadastro Único para Programas Sociais, que é um sistema de gestão do Governo Federal e atualizado pelas prefeituras.

"Se considerarmos um recorte temporal de 12 meses de pessoas que se inscreveram e/ou atualizaram seus cadastros nesse período, chegamos a um número médio de 4,6 mil pessoas em situação de rua. Considerando cadastros realizados/atualizados nos últimos 24 meses, são cerca de 5,8 mil", informou.

Ainda conforme a PBH, "considerando todo o período (independente de atualização), já passaram pelo cadastro de Belo Horizonte quase 9 mil pessoas em situação de rua". Esse dado considera cadastros desatualizados ou feitos a qualquer tempo. "No entanto, considerando que a população em situação de rua tem como característica a migração entre cidades e outros fenômenos, é necessário observar os recortes temporais, para que se tenha um dado mais próximo da realidade".

Em 2022, a PBH fará um censo desse grupo populacional. 


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