O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou o escândalo do Mensalão ao orçamento secreto. Em entrevista no Jornal Nacional, nesta quinta-feira (25/8), o petista fez críticas ao mecanismo de repasse de verbas ao Congresso Nacional durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Durante a entrevista, Lula questionou a jornalista Renata Vasconcellos com a comparação: “você acha que o mensalão, que tanto se falou, é mais grave que o orçamento secreto?”. O candidato seguiu fazendo críticas ao Centrão e falou sobre o relacionamento entre o Planalto e o Congresso Nacional.
“A vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática na diversidade. Nenhum presidente da República, num regime presidencialista, governa se não estabelecer uma relação com o Congresso Nacional. O Centrão não é um partido político, até porque hoje só tem (como) partido político o PT, o PCdoB, talvez o Psol, o PSB. Porque quase todos os outros partidos são cartoriais, são cooperativas de deputados que se juntam em determinadas circunstâncias”, disse e acrescentou afirmando que pretende falar separadamente com cada legenda, se eleito.
Na sequência, o petista falou especificamente sobre o orçamento secreto, nome dado às emendas que destinam parte do orçamento federal a parlamentares sem transparência sobre os valores, para quê e onde eles serão aplicados. O mecanismo é apontado como moeda de troca entre a presidência e os deputados do Centrão.
“O orçamento secreto é uma excrescência, não é moeda de troca, é usurpação do poder. Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional, o Bolsonaro não cuida sequer do orçamento, do orçamento quem cuida é o Lira (Arthur, presidente da Câmara dos Deputados)”, apontou.
O Mensalão foi um escândalo de compra de votos de parlamentares para aprovar pautas governistas durante a gestão de Lula. As denúncias se iniciaram ainda no primeiro mandato do petista (2003-2006).
Sabatina no Jornal Nacional
O ex-presidente Lula é o terceiro na série de entrevistas feitas pelo Jornal Nacional. O presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu as sabatinas na segunda-feira (22/8) e em seguida, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) esteve nos estúdios na terça-feira (23/8).
A próxima entrevistada é a senadora Simone Tebet (MDB). Ela estará nos estúdios da TV Globo amanhã, sexta-feira (26/8).
Entrevistas duram 40 minutos e são conduzidas por William Bonner e Renata Vasconcellos.