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Estado de Minas RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Chile convoca embaixador brasileiro após acusações de Jair Bolsonaro

Chanceler do país repudia declarações do brasileiro, que disse que presidente do país vizinho incendiou metrôs


30/08/2022 04:00 - atualizado 30/08/2022 07:51

Antonia Urrejola, chanceler do Chile
''Consideramos essas acusações [de Bolsonaro] gravíssimas. Obviamente, são absolutamente falsas e lamentamos que em contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por desinformação e notícias falsas. Convocamos o embaixador brasileiro na chancelaria, onde lhe enviaremos nota de protesto'' - Antonia Urrejola, chanceler do Chile (foto: AFP)

Brasília – A declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate entre os candidatos à Presidência, no último domingo, acusando o presidente do Chile, Gabriel Boric, de ter ateado “fogo em metrô” durante os protestos de 18 de outubro de 2019 e que pediam maior igualdade social, quando era ativista de esquerda, causaram reação no país vizinho. O embaixador brasileiro no país, Paulo Roberto Soares Pacheco, foi chamado à capital chilena para consultas sobre o caso, informou a chanceler Antonia Urrejola.  O governo brasileiro não se manifestou sobre a reação chilena.

Em nota, o governo chileno afirmou: “O uso político da relação bilateral para fins eleitorais, baseado em mentiras, desinformações e deturpações, corrói não apenas os laços entre nossos países, mas também a democracia, prejudicando a confiança e afetando a irmandade entre os povos”. O governo vizinho disse também que as falas de Bolsonaro “são inaceitáveis e não estão de acordo com o tratamento respeitoso devido aos chefes de Estado ou com as relações fraternas entre dois países latino-americanos”.

Durante o debate na TV Bandeirantes, ao atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano, Bolsonaro afirmou: “Lula apoiou o presidente do Chile também, o mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile?”. “Consideramos essas acusações gravíssimas. Obviamente, são absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas. Convocamos o embaixador brasileiro na chancelaria em nome do secretário-geral de política externa, onde lhe enviaremos uma nota de protesto”,  disse Urrejol.

Segundo o jornal chileno La Tercera, Urrejola afirmou que os chilenos estão convictos de que não é assim que se faz política, ainda mais quando se trata de dois chefes de Estado eleitos democraticamente, e que, mesmo com as diferenças ideológicas, deveria existir uma relação de respeito. A ministra das Relações Exteriores disse ainda que é preciso fortalecer a relação com o Brasil: “Esperamos poder continuar enfrentando os diferentes desafios como povos irmãos que somos, apesar dessas declarações do presidente Bolsonaro”. Ainda conforme a publicação, quando Gabriel Boric soube das declarações de Jair Bolsonaro, procurou Urrejola para, com ela, conversar sobre como responder.

Boric, de 35 anos, é ex-líder estudantil e o presidente mais jovem da história do Chile. Sua vitória representou guinada à esquerda no país e rompeu com três décadas de alternância entre os partidos de centro, desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, nos anos 1990. No início deste ano, Bolsonaro se recusou a ir à posse de Gabriel Boric e enviou o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos).

No debate, Bolsonaro citou também os governos da Argentina,  Venezuela, Colômbia e Nicarágua. “O nosso prezado presidente Lula apoiou, na Nicarágua, Ortega, que agora persegue cristãos, prende padres, expulsa freiras. Uma perseguição religiosa sem tamanho. E quando ele é questionado sobre isso, ele diz: 'Não devemos meter o nariz em outros países'”, afirmou o presidente brasileiro.

Em suas transmissões semanais de quinta-feira, Bolsonaro  tem criticado esses governos vizinhos, ressaltando que o Brasil estaria recebendo da Venezuela “mais de 500 pessoas por dia “fugindo da fome, da miséria, da violência”. Já as críticas sobre a Argentina incluem a economia do país, e sobre a Colômbia o susposto fato de que o presidente Gustavo Petro defende a liberação de drogas e libertação de presos. Em entrevista ao “Jornal Nacional”, na semana passada, Bolsonaro evidenciou, propositalmente,  uma “cola” em sua mão esquerda com as palavras: "Nicarágua", "Argentina", "Colômbia" e "Dario Messer", também conhecido como "o doleiro dos doleiros".
 



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