Candidato a vice-governador mineiro na chapa de Romeu Zema (Novo), o professor Mateus Simões, também filiado ao Novo, crê que o partido precisa adquirir "sensibilidade social". Nesta terça-feira (30/8), ao participar do "EM Entrevista", podcast de Política do Estado de Minas, Simões afirmou que a legenda precisa ampliar a "profundidade" na análise das mazelas. Segundo ele, as frustradas articulações para ter o jornalista Eduardo Costa (Cidadania) como vice de Zema nasceram, também, a fim de aprimorar a relação da atual gestão com os problemas que nascem das desigualdades.
"Ele (Eduardo) tem essa sensibilidade social que falta um pouco ao Novo. Temos tentado construir isso de alguma forma, mas é uma crítica que a gente aceita de peito aberto: o Novo precisa ter mais profundidade na análise dos problemas sociais mais agudos", disse Simões.
As conversas para atrair Eduardo Costa à chapa de Zema naufragaram porque o PSDB, partido que forma uma federação com o Cidadania, resolveu lançar a candidatura de Marcus Pestana ao governo. Majoritários na coalizão, os tucanos não quiseram abrir mão de palanque próprio em prol de uma aliança ao Novo.
"A gente sempre trabalha na linha de que vamos resolver os problemas sociais a partir do emprego e do investimento. Tenho certeza que, a longo prazo, isso é verdade. Mas temos problemas muito agudos, como as cracolândias e o aumento dos moradores de rua, que demandam uma intervenção com um cuidado com a pessoa que, na lógica da construção de política pública, o Novo ainda não está preparado o suficiente", emendou o candidato do Novo à vice-governadoria.
Embora não tenha conseguido firmar acordo por Eduardo Costa, o Novo conta com o apoio informal do Cidadania. A ideia era ter o radialista como mola propulsora das intenções de voto de Zema na Região Metropolitana de Belo Horizonte, um dos principais trunfos de Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito da capital e concorrente ao Palácio Tiradentes. A coalizão liderada pelo Novo conta, formalmente, com o apoio informal de nove legendas - no leque de alianças estão, por exemplo, MDB, PP, Podemos e Avante.
Simões descarta programa uniforme de transferência de renda
Ao tratar dos problemas sociais que acometem o estado, Mateus Simões descartou a instalação de um programa de transferência de renda. No plano nacional, por exemplo, o Auxílio Brasil paga R$ 600 a todas as famílias beneficiadas. Segundo o parceiro de Zema, a situação fiscal de Minas Gerais impede uma iniciativa do tipo - outra barreira, para ele, é formada pelas diferenças entre as regiões do estado.
"Acreditar que dar dinheiro para uma pessoa em situação de miséria em BH vai ter o mesmo efeito que dar dinheiro a alguém em situação de miséria nos vales do Jequitinhonha e Mucuri é uma ignorância. A pessoa que está em BH, se conseguir reorganizar a vida dela, provavelmente consegue um emprego. Quem está no Mucuri ou no Jequitinhonha, não", afirmou.
De acordo com Simões, a ideia do governo é mapear as localidades e, assim, definir políticas públicas específicas. "Se abordarmos o problema da miséria nas diferentes regiões de Minas com o mesmo tipo de política - e a transferência de renda é sempre uniforme - acabo deixando pessoas para sempre dependentes do programa social. E, nos programas sociais, a gente mede o sucesso não por quantos entram, mas por quantos saem", pontuou.
Candidato resolve adotar a profissão no nome eleitoral
Ex-vereador de Belo Horizonte e advogado, o filiado ao Novo fez carreira política sob o nome Mateus Simões. Neste ano, porém, resolveu adotar uma alcunha que faz referência às atividades em sala de aula e irá às urnas como "Professor Mateus". A estratégia surgiu porque Zema adotou apenas o nome eleitoral como sobrenome.
"Como o governador concorre com um único nome, era importante que eu também concorresse com um único nome próprio. Ninguém me chama de Simões; como meus alunos, naturalmente, me chamam de 'Professor Mateus', ficamos combinados". Simões é um dos principais articuladores políticos de Zema. Na gestão estadual, ele chefiou a Secretaria-Geral.