O Ministério Público Federal (MPF) irá apurar a distribuição de livros pelo governo na Polícia Rodoviária Federal (PRF) com a recomendação de que os servidores leiam a Bíblia. De acordo com o procurador Enrico Rodrigues de Freitas, da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, na ação há indícios de desrespeito à Constituição.
Na decisão, o procurador ressalta que a Carta Magna veda "à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança".
A distribuição dos livros foi revelada pela GloboNews. De acordo com a emissora, mensagem encaminhada para os servidores dizia que a distribuição do material era uma "assistência espiritual". Ainda segundo a GloboNews, a orientação do governo é distribuir os livros para todas as superintendências estaduais da PRF, recomendando orações diárias.
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O órgão ainda disse que não recebeu queixas sobre o material na ouvidoria e que a participação no projeto não é obrigatória. Além disso, disse que caso os servidores tenham interesse que outras religiões façam parte da iniciativa, eles podem solicitar. "As atividades de religiões não representadas formalmente - não só as de matriz africana, mas também budistas, hinduístas, muçulmanos, entre outras - poderão ser realizadas no âmbito da Instituição ,mediante solicitação dos servidores interessados e demanda que as justifique, cabendo ao servidor responsável pela gestão da Capelania PRF viabilizar o contato com os ministros religiosos dos credos solicitantes."
O Correio procurou o governo federal e o Ministério da Justiça, mas até o momento não teve resposta. O espaço continua aberto.