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Estado de Minas 'EM ENTREVISTA'

Simões diz que, se reeleito, Zema pode ter 50 dos 77 deputados da ALMG

Candidato do Novo a vice-governador quer ampliar a base aliada ao governo no Parlamento e defende ampliar o alinhamento do partido a pautas sociais


31/08/2022 06:00 - atualizado 03/11/2022 19:19

Mateus Simões, candidato de Zema vice-governador
Mateus Simões (foto) é o candidato a vice-governador de Romeu Zema (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 30/8/22)
Candidato a vice-governador mineiro na chapa de Romeu Zema (Novo), o professor Mateus Simões, filiado à mesma legenda, trabalha para ampliar a base aliada ao Palácio Tiradentes na Assembleia Legislativa. Ontem, durante participação no "EM Entrevista", podcast de Política do Estado de Minas, ele projetou mudanças na relação do Executivo com os deputados estaduais. As dificuldades travaram pautas como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. Agora, a ordem é evitar as antigas barreiras e atrair mais parlamentares.

"Estou convencido de que esta eleição terminará com uma base (aliada) superior a 45 deputados - pode, inclusive, ser superior a 50. Não é um compromisso propriamente com o governo, mas com o que a população percebeu que está dando certo", disse o postulante à vice-governadoria.

 

Depois de concorrer isolado em 2018, o Novo, agora, é sustentado por uma coalizão que tem outros nove partidos, como MDB, PP, Podemos e Avante. Simões defende maior alinhamento do partido a políticas para combater as mazelas sociais. O jornalista Eduardo Costa (Cidadania), cotado para ser o vice em articulação que não prosperou, poderia, segundo o parceiro de Zema, potencializar a relação entre o governo e os problemas resultantes das desigualdades.


"Ele (Costa) tem essa sensibilidade social que falta um pouco ao Novo. Temos tentado construir isso de alguma forma, mas é uma crítica que a gente aceita de peito aberto: o Novo precisa ter mais profundidade na análise dos problemas sociais mais agudos", defendeu.

A seguir, os principais trechos da entrevista, que pode ser vista na íntegra no canal do Portal Uai no YouTube:



Zema queria um vice de outro partido. Houve conversas com Eduardo Costa (Cidadania), mas o acordo não aconteceu. O senhor, por sua vez, tinha a indicação defendida por setores do Novo. Como foi o processo que resultou na chapa Zema/Simões?
Levei ao governador (o nome de Costa). Infelizmente, o Cidadania está federado ao PSDB, que não liberou o Eduardo. O Novo tinha a preferência por um nome de consenso - e fico feliz que o nome fosse o meu. Eu já estava bem convencido de que Eduardo seria um bom nome. Quando o PSDB inviabilizou esse movimento, parecia mais lógico que o nome fosse o meu, até para manter todos os nossos aliados atendidos - ou ninguém desatendido. Ficaria complicado escolher um candidato de um dos partidos da coligação, pois qualquer outro partido se sentiria desprestigiado, porque isso não foi uma construção natural - que era trazer alguém de fora.

Que vantagens e desvantagens Zema teria se Costa fosse o candidato a vice? O que sua entrada na chapa acarreta em termos de vantagens e desvantagens?
A vantagem de trazer Eduardo é que eu estaria no governo de qualquer forma. Trazê-lo, era trazer mais um. Eduardo tem força de conhecimento na Região Metropolitana maior do que a minha. Sou até bem conhecido na Metropolitana, mas ele é ainda mais. Ele tem uma densidade política que poderia se somar à nossa. Ele tem, também, essa sensibilidade social que falta um pouco ao Novo. Temos tentado construir isso de alguma forma, mas é uma crítica que a gente aceita de peito aberto: o Novo precisa ter mais profundidade na análise dos problemas sociais mais agudos.

A gente sempre trabalha na linha de que vamos resolver os problemas sociais a partir do emprego e do investimento. Tenho certeza que, a longo prazo, é verdade. Mas temos problemas muito agudos, como as cracolândias e o aumento dos moradores de rua, que demandam uma intervenção com um cuidado com a pessoa que, na lógica da construção de política pública, o Novo ainda não está preparado o suficiente.

O Novo surgiu dizendo querer romper com velhas práticas - e há candidatos no partido que não usam o Fundo Eleitoral. A coligação de Zema tem dez partidos. Isso não pode soar como contradição ao eleitor ou a necessidade de ter uma coalizão faz parte dos ensinamentos que o Novo colheu ao entrar no governo
É um aprendizado. O estatuto do Novo sempre proibiu a coligação proporcional, hoje proibida por lei a todos os partidos. (O Novo) autorizava coligações majoritárias, mas nunca praticou. Só que assumir o governo nos forçou a uma maturidade de perceber que precisamos construir em conjunto. Uma coisa sempre cobrada pelos partidos da base (aliada) era que, de alguma forma, parecia que o Novo não queria se misturar a eles. O ambiente do Executivo demanda conciliação para avançar.

Os partidos da coligação assinaram um termo de compromisso com o plano de governo de Zema. Não significa que concordamos em tudo, mas chegamos a um mínimo comum que justificasse caminhar lado a lado, como algumas premissas - como não usar dinheiro público na campanha do governador.

Então, em caso de reeleição, os outros partidos da coligação já vão entrar para a base aliada? A relação com a Assembleia foi um dos problemas de Zema neste mandato.

O compromisso dos partidos é esse. Temos vários deputados do PSD, do nosso maior adversário, Kalil, e do PSDB, de Marcus Pestana, fazendo campanha pública. Deputados do Cidadania e (alguns) do PL também, em um compromisso público de apoiarem as pautas do governo quando voltarem à Assembleia. Estou convencido de que esta eleição terminará com uma base superior a 45 deputados - pode, inclusive, ser superior a 50. Não é um compromisso propriamente com o governo, mas com o que a população percebeu que está dando certo.


O senhor falou sobre a necessidade de o Novo se aprofundar nos 'problemas sociais'. Em Minas, o governo e a Assembleia construíram programas de transferência de renda por causa da pandemia. O momento do país não pede a instituição de uma renda básica estadual?

A decisão do governo, até aqui, até pelo estado ter restrições orçamentárias, é tentar um caminho onde, em vez de classificar as pessoas pela renda, haja mapeamentos regionais de condição de mobilidade social. Acreditar que dar dinheiro para uma pessoa em situação de miséria em BH vai ter o mesmo efeito que dar dinheiro a alguém em situação de miséria nos vales do Jequitinhonha e Mucuri é uma ignorância. A pessoa que está em BH, se conseguir reorganizar a vida dela, provavelmente consegue um emprego. Quem está no Mucuri ou no Jequitinhonha, não. Se abordarmos o problema da miséria nas diferentes regiões de Minas com o mesmo tipo de política - e a transferência de renda é sempre uniforme - acabo deixando pessoas para sempre dependentes do programa social.

Temos o mapeamento das regiões mais pobres do estado e daquelas com o IDH mais comprimido, para que ali tenhamos programas que contemplem renda, sim, mas também cestas básicas, formação e geração de empregos. BH e Uberlândia não precisam desse pacote completo. Há gente miserável em BH e Uberlândia, mas não preciso de uma ressignificação econômica nessas cidades. Eventualmente, preciso ajudar essa pessoa a se qualificar melhor para encontrar o emprego certo. Mas não preciso levar as empresas, pois elas já estão lá.

Mas o que fazer para ajudar de imediato quem está na miséria em BH e Uberlândia?
Eles vão continuar tendo o nosso apoio através do Servas e da Sedese em programas ligados, especialmente, à segurança alimentar. Transferência de renda é uma coisa que não conseguimos fazer hoje. Temos grande apoio em distribuição de renda, alocação de pessoas em serviços de proteção, mas não há condição de fazer transferência de renda fora das áreas de muita compressão social. Por questão financeira. O Novo defende a transferência de renda nacional. O valor, talvez, seja uma questão que o partido discuta, porque o país não tem orçamento para a última aprovação (R$ 600 ao mês).

Por causa do Regime de Recuperação Fiscal, servidores e entidades temem desinvestimentos em políticas públicas e uma espécie de apagão social no estado. O que leva o governo a crer que isso não vai acontecer?
Discutiremos com tranquilidade quando o projeto estiver em discussão na Assembleia no ano que vem, mas tanto não é verdade que o próprio STF, guardião da Constituição, diz que temos o direito de aderir. Há comprometimento pior do que pagar R$ 40 bilhões de uma vez ao governo federal? São dez folhas salariais do estado. Não há nada pior para o servidor do que ter de pagar a dívida de uma só vez. O que queremos é um compromisso de não gastar mais do que arrecadamos. Isso não compromete o reajuste dos servidores, porque a recomposição inflacionária não significa aumento de despesa.

A proposta não é nenhuma loucura. A lei prevê que vamos pagar (a dívida) em 30 anos se não gastarmos mais do que o arrecadado. Algumas coisas vão ter de ser vendidas, como a Codemig, engavetada na Assembleia, mas que gera a folga para renegociar a dívida.

Se houver 2° turno entre Bolsonaro e Lula, Zema manifestará apoio ao atual presidente?
O Novo continua firme - e o governador está ao lado disso - em mostrar que é possível uma construção fora da dicotomia Lula-Bolsonaro. Nosso candidato, Felipe d'Avila, é tão respeitado que, se prestarmos atenção ao debate (de domingo) ele passa indene de críticas diretas ou de 'cutucadas' entre candidatos. Ele trabalhou na confecção de grande parte dos grandes programas de governo implantados no país. Se houver segundo turno, vamos avaliar o que o campo apresenta e iremos nos realinhar. O governador já repetiu algumas vezes: não tem cenário em que a gente possa caminhar ao lado do PT, que fez com o estado o que tivemos de consertar.

 

 

 

 


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