O governador mineiro Romeu Zema (Novo) recebeu da Justiça Eleitoral, nesta quinta-feira (1°/9), os termos da retratação que terá de publicar no Instagram após acusar Fernando Pimentel (PT), seu antecessor no cargo, de ter 50 mil funcionários comissionados no governo.
Em agosto, o Judiciário já havia ordenado a Zema que apagasse a postagem que trata do tema. Agora, o governador terá de manter, por 16 dias, uma publicação que acusa ele mesmo de ter publicado "mentiras".
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Vice diz que Zema o ouviu 'pouquíssimas vezes' e acusa Novo de 'soberba''MG não tem que pagar a dívida', diz candidato a vice-governador pelo PSTUCampanha de Kalil processa Zema por uso de imagens do Hospital do BarreiroZema critica PT e Pimentel e promete mais investimentos em UberlândiaConfira como foi a agenda dos candidatos ao governo de Minas nesta quintaO texto foi construído pela defesa de Pimentel, liderada pelo advogado Luiz Gustavo d'Ávila Riani.
Para ilustrar o conteúdo, a defesa de Pimentel enviou à Justiça um card que tem a foto do ex-governador sobre um fundo laranja, cor característica do partido Novo.
"A Justiça Eleitoral reconheceu que as afirmações de Zema são falsas e concedeu este Direito de Resposta. A Lei Delegada nº. 147, de 2007, prevê 6.200 cargos em comissão atribuídos ao Poder Executivo. O número manifestado por Romeu Zema é, portanto, falso, mentiroso. Com isso, ficou claro que Pimentel não manteve 50 mil cargos durante seu governo, e que Zema não promoveu nenhuma limpa, conforme mentira divulgada para se autopromover", aponta o restante do texto que Zema vai divulgar na rede social de fotos e vídeos.
Zema chegou a recorrer duas vezes pedindo alterações no texto de retratação. Em uma das soluções, o governador solicitou que Pimentel se limitasse "a responder as informações consideradas inverídicas e difamatórias". Os pleitos, contudo, foram negados.
"Ao examinar o novo texto trazido por Fernando Damata Pimentel, extrai-se, em sua análise, que o candidato, por meio de informações sucintas, trouxe os esclarecimentos necessários para desmentir os fatos tidos como inverídicos e difamatórios veiculados na página do Instagram de Romeu Zema Neto", decidiu o magistrado Adilon Rezende.
O Estado de Minas procurou a equipe de Zema para saber quando a publicação do conteúdo determinado pela Justiça será feita. Se houver resposta, este texto será atualizado.
Post tinha 'toque culinário'
No conteúdo que irritou Pimentel, Zema segura uma xícara com café e um prato com um pedaço de desmamada, tradicional doce de Paracatu, no Noroeste mineiro. No texto que acompanha a imagem, o governador relaciona a iguaria à gestão de seu antecessor.
"Você já ouviu falar na desmamada? Não estou falando daquela que fizemos com os 50 mil cargos que o Pimentel (PT) mantinha no Governo de Minas, e sim a receita típica de Paracatu, noroeste do Estado. Só mesmo experimentando para entender o sabor delicioso", dizia.
Para embasar o pedido pela retirada da publicação, Fernando Pimentel, que é candidato a deputado federal neste ano, recorreu ao Portal da Transparência. Ele apresentou à Justiça informações a respeito do quadro de pessoal do funcionalismo público durante sua gestão.
"A despesa com pessoal do Poder Executivo subiu de R$ 42 bilhões em 2018 para R$ 47 bilhões em 2021. Por sua vez, ao fim da gestão do Requerente (Pimentel) como governador de Minas Gerais, havia 13,6 mil cargos abaixo dos 50 mil insinuados pelo Requerido (Zema)", pontuou a defesa do petista.
"É notório o desastre administrativo do governo passado petista", rebateu a equipe de Zema, à época.