"Um estado do tamanho de Minas Gerais não pode ficar sem um Rodoanel", disse ele ao "EM Entrevista", podcast de Política do Estado de Minas. Apesar da defesa, o líder tanqueiro defendeu o aprofundamento das conversas a respeito do tema com as gestões de cidades como BH e Contagem, que serão afetadas pela possível obra.
Paralelamente à sua candidatura, Irani Gomes mantém atuação no setor de combustíveis. Ele afirma que a política de preços adotada pela Petrobras é a principal responsável pela crise no setor. Avalia que há insatisfação dos tanqueiros e empresários do ramo após a distribuidora diminuir em R$ 0,25 o custo da gasolina, mas manter o valor do diesel congelado.
Irani Gomes não descartou, inclusive, uma paralisação do setor. "A questão é a política de preços da Petrobras, que tem de se explicar sobre porque o diesel ultrapassou tanto a gasolina", protestou.
A íntegra dessa entrevista pode ser conferida no canal do Portal Uai no YouTube.
A Petrobras diminuiu em R$ 0,25 o preço da gasolina nas refinarias, mas não mexeu no valor do diesel. Na segunda, o senhor, como presidente do Sindtanque, mostrou insatisfação com a decisão. De 1 a 10, qual a chance de nova paralisação da categoria?
Se eu fosse escalonar, estaria acima de 7, porque há uma insatisfação muito grande por eles não estarem olhando o lado (de quem precisa) do óleo diesel. Foi uma briga muito grande da categoria para a redução do ICMS dos combustíveis, e não só do diesel. Foi dada atenção especial à gasolina e ao etanol, e não ao diesel. Historicamente, no país, nunca tivemos o diesel com valor acima da gasolina. Pedimos uma explicação à Petrobras e ao governo federal sobre porque o diesel está com (valor) bem mais alto do que o do preço da gasolina. Bolsonaro sempre criticou a paridade dos preços aos custos de importação.
Como analisa a postura do presidente diante da crise dos combustíveis?
A Política de Paridade Internacional (PPI) foi assinada em 2016, pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), acabando com o preço nacional e passando à paridade de preços de importação. A gente não pode estabilizar um culpado, porque houve uma mudança no governo anterior - e, no momento, não há como simplesmente voltar atrás. O governo Bolsonaro tem feito muitos esforços e zerou, por um momento, o PIS/Cofins dos combustíveis, mas não foi suficiente, porque o maior imposto é o ICMS, estadual.
No Brasil, temos déficit de 30% a 40% de combustível entre o que consumimos e o que refinamos. Precisamos de uma parte de combustível importado, e veio a guerra na Ucrânia. Foi um trâmite difícil. Agora, está se estabilizando. A questão é a política de preços da Petrobras, que tem de se explicar sobre porque o diesel ultrapassou tanto a gasolina. Está todo mundo à mercê, sem entender.
O senhor e o PRTB apoiam Bolsonaro, mas o candidato dele ao Senado é Cleitinho Azevedo (PSC), que já foi criticado pelo senhor. Como analisa a situação?
Não quero interferir sobre a escolha do presidente. Escolhi apoiá-lo devido (a ele ter) as características que tenho (e) o governo que ele está exercendo. Não é porque ele não me apoiou que vou deixar de apoiá-lo.
Mas, além do senhor e de Cleitinho, há outro candidato bolsonarista ao Senado: o pastor Altamiro Alves (PTB). O que tem de diferente deles?
Tenho uma vida política não-partidária e empresarial bem mais ativa do que os dois, devido ao longo tempo em que vou aos governos buscar melhorias - não somente para a categoria, porque o combustível é uma mola propulsora para a economia do país.
Exceção feita à pauta dos combustíveis, qual será a sua prioridade parlamentar caso eleito senador?
Gosto muito da infraestrutura. Nosso estado tem a maior malha rodoviária do país e não temos, ainda, um Rodoanel. As nossas estradas são muito ruins. Temos muita dificuldade de transitar em Minas, em vias que ligam a outros estados, em pistas que não são duplicadas. Temos uma rodovia perigosíssima, a BR-381 sentido Espírito Santo, que mesmo duplicada, ainda tem muitos problemas que precisam ser revistos.
O senhor citou a necessidade de um Rodoanel, mas o tema encontra resistência nas prefeituras de Belo Horizonte, Contagem e Betim. Se eleito, pensa em agir para desfazer o imbróglio entre as cidades e o governo estadual?
O Rodoanel é mais que necessário no nosso estado. Um estado do tamanho de Minas Gerais não pode ficar sem um Rodoanel. É preciso acertos, conversar mais. Tem de influenciar a população. A população vai ser parte dessa construção. Vai ter que destituir algumas propriedades para poder passar o Rodoanel. Falta uma melhor discussão. Tem de se fazer mais reuniões com quem vai ser atingido, porque vemos algumas coisas que desfavorecem a população. O Rodoanel não é pra desfavorecer, mas para favorecer.
Se eleito, o senhor vai defender o Auxílio Brasil de R$ 600?
Com certeza. Precisamos olhar para a economia do país no próximo quadriênio. Qual é a necessidade da população? Se a necessidade é de manter (o auxílio), tem de manter É necessário manter, porque acabamos de sair de uma (fase aguda da) pandemia. Tem que se pautar se o país tem condições de permanecer com esse auxílio.
Mas há orçamento para isso?
Se não tem, tem que se criar. Às vezes, a gente tem que descalçar um lado para calçar o outro, desde que não traga prejuízo. A União precisa ver de onde angariar fundos, fazer um estudo sobre onde mexer para permanecer com o auxílio, que está sendo muito benéfico. Acredito que vá permanecer, pois o Brasil tem condições econômicas para isso. acredito