Jornal Estado de Minas

Principais adversários criticam postura de Bolsonaro no feriado



Brasília – Além do presidente Jair Bolsonaro (PL), que aproveitou as comemorações do bicentenário da Independência, os demais candidatos ao Palácio do Planalto festejaram a data e fizeram críticas ao chefe do Executivo federal. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não teve agenda pública ontem, mas foi às redes sociais comentar a data cívica. Disse que 7 de setembro é um dia de amor e união pelo Brasil e lamentou que não é o que ocorre hoje no país. "200 anos de Independência hoje. 7 de setembro deveria ser um dia de amor e união pelo Brasil. Infelizmente, não é o que acontece hoje. Tenho fé que o Brasil irá reconquistar sua bandeira, soberania e democracia. Bom dia”.





Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o pedetista Ciro Gomes esteve em Ouro Preto, onde fez uma transmissão ao vivo após a participação de Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro, e demonstrou "algum alívio" com as falas do presidente. Disse que ele e aliados passaram os últimos 10 dias "sobressaltados, assustados com um punhado de ameaças da própria boca do Bolsonaro, esse boçal que infelizmente assumiu a Presidência do Brasil".

Ele criticou o clima gerado por empresários flagrados defendendo um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito e também “gente do ambiente rural desonesto, que é uma minoria, mas muito agressiva”. "Tudo isso cria um ambiente em que nós ficamos com medo. Com medo como brasileiros do que iria acontecer nesse 7 de Setembro. Chegamos aqui às 6h, organizei com toda a militância do PDT uma nova rede da legalidade", disse. “Nós estávamos prontos para denunciar e mobilizar uma resistência que fosse necessária se algum desatino mais grave, se alguma atitude mais violenta vitimasse nosso povo brasileiro.”

Ele disse que iria terminar o dia com 'algum alívio' após ouvir as falas de Bolsonaro em Copacabana. "Não aconteceu aquilo que a gente mais temia, que fosse descambar para a violência, que inocentes fossem mortos ou inocentes fossem feridos por essa atitude absolutamente irresponsável que o chefe da Nação tem tomado ante a conivência de certos setores militares também." Ciro também voltou a atacar a polarização no país e disse estar "profundamente entristecido com o que estão fazendo no Brasil". “Bolsonaro é produto desse nós contra ele.”





''Bolsonaro transformou o 7 de Setembro dos 200 anos da Independência no mais desavergonhado comício eleitoral já feito neste país. E houve outras transgressões políticas, institucionais e morais seriíssimas'' - Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência (foto: REDES SOCIAIS/REPRODUÇÃO)

Pelas redes sociais, Ciro acusou Bolsonaro de usar o feriado da Independência como palanque eleitoral pela reeleição. “Bolsonaro transformou o 7 de Setembro dos 200 anos da Independência no mais desavergonhado comício eleitoral já feito neste país”, escreveu Ciro nas redes sociais. “E houve outras transgressões políticas, institucionais e morais seriíssimas. Os brasileiros cobram uma ação da Justiça!”, afirmou.

Ciro Gomes ainda destacou a esperança de que o país encontre um novo caminho. “Viva o 7 de Setembro! E que Deus nos abençoe para que nada nem ninguém seja capaz de roubar a nossa paz e a nossa liberdade – neste dia ou em qualquer momento da nossa história. Vamos em frente, com a mais profunda esperança de que encontraremos, juntos, um novo caminho”, afirmou também.

“Vergonhoso” 


A senadora Simone Tebet, candidata à Presidência da República pelo MDB, condenou a postura do presidente Bolsonaro nas comemorações da Independência. Nas redes sociais, ela destacou que o presidente mostra “todo o seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil”. “Vergonhoso e patético! No Dia da Independência do Brasil, o presidente mostra todo o seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada”, disse. Ela ainda disse que o país vira motivo de chacota pelas falas machistas do presidente.





“Além de pária internacional devido à falta de segurança e estabilidade política, agora o país também vira motivo de chacota pelas falas machistas do seu líder, que deveria dar exemplo. O Brasil não merece o governo que tem!”, finalizou. A senadora se referiu à expressão “imbrochável” pronunciada por Bolsonaro. Após participar do desfile militar em comemoração ao bicentenário da Independência, o presidente fez discurso para apoiadores que estavam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e repetiu o grito de “imbrochável” puxado pelos presentes. Ele ensaiou fazer comparação com outras primeiras-damas e deu um conselho para que homens procurem mulheres classificadas por ele de "princesas" e que os façam felizes. Em seguida, Bolsonaro e Michelle deram um beijo demorado.

Candidata ao Planalto pelo União Brasil, Soraya Thronicke, tambem criticou as falas de Bolsonaro durante comício após desfile do 7 de Setembro, em Brasília. “Divorciado do respeito à data, em pleno 7 de Setembro, o presidente insiste em propagar que é imbrochável – informação que, sinceramente, não interessa ao povo brasileiro”, escreveu a senadora. “O que o Brasil precisa, mesmo, é de um presidente incorruptível”, afirmou.

Felipe D’Avila, candidato do Novo ao Palácio do Planalto, afirmou que o bicentenário “é uma data emblemática e que pertence a todos nós”. “Hoje, comemoramos 200 anos de independência. Esta é uma data emblemática e que pertence a todos nós. Falar de Independência, aliás, é falar de liberdade. E o que queremos para nosso país é que cada cidadão possa exercer sua Liberdade com responsabilidade”, escreveu ele nas redes sociais.

A candidata Vera Lúcia (PSTU) também usou as redes sociais, mas não fez referência direta à celebração. “Bolsonaro e suas ameaças não passarão”, afirmou em sua publicação. Sofia Manzano, candidato do PCB, afirmou que a “classe dominante” vem se apropriando de pautas identitárias ao “exaltar Leopoldina” – a primeira esposa do imperador D. Pedro I. Ela ainda destacou a posição da imperatriz como mulher e afirmou que o 7 de Setembro é dia de luta dos excluídos.